Aaron Tshibola, Kevin Yamga e Pedro Delgado desvincularam-se "de forma amigável" do Desportivo das Aves, último classificado da Liga, confirmou esta quinta-feira à agência Lusa a administradora Estrela Costa.
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"Estes jogadores rescindiram com o conhecimento da SAD. Não foi uma rescisão conflituosa, mas de comum acordo. O Pedro estava emprestado e continuamos em negociações com os outros dois. Efetivamente temos salários em atraso, mas nada se deveu a isso", explicou a acionista da Galaxy Believers, que gere o futebol avense.
O extremo franco-camaronês Kevin Yamga apontou um golo em 22 jogos e fez a última aparição no sábado, quando o emblema do concelho de Santo Tirso saiu goleado na visita ao Sporting de Braga (4-0), enquanto o médio internacional congolês Aaron Tshibola chegou à Vila das Aves no 'mercado de inverno' para somar quatro encontros.
Igual desempenho teve o centrocampista Pedro Delgado, que esteve cedido pelos chineses do Shandong Luneng desde janeiro e integrou as conversações entre o plantel e administração liderada pelo chinês Wei Zhao em 30 de junho, das quais se extraiu o "modelo de transparência possível" a adotar na reta final do campeonato.
"Pedi friamente que quem quisesse ir embora, fosse. Queria ter a certeza de que este clube, que já desceu, iria lutar com o mesmo objetivo de ganhar. Ontem [quarta-feira] mostrámos isso em campo. Era mais fácil termos perdido, mas estou muito orgulhosa por termos mostrado que somos uma equipa pequena e séria", valorizou Estrela Costa.
Uma grande penalidade convertida pelo avançado iraniano Mohammadi garantiu o triunfo na receção ao Vitória de Setúbal (1-0), na 31.ª jornada que encerrou ciclos negativos de 11 rondas sem vitórias e 680 minutos ininterruptos em branco por parte dos nortenhos, que ajudaram a consumar a despromoção à LigaPro a 29 de junho.
SAD do Aves prevê salários de abril e maio regularizados até segunda-feira
"Fizemos um acordo com os jogadores para reduzir 35% das verbas e iremos regularizar os dois meses em atraso, na melhor das hipóteses, até segunda-feira. Pelo menos um estará regularizado, mas sem reduzir efetivamente nada", apontou à agência Lusa Estrela Costa, acionista da empresa Galaxy Believers, que gere o futebol dos nortenhos.
A 6 de maio, fonte do emblema do concelho de Santo Tirso adiantou à Lusa que os salários de março seriam liquidados na totalidade e 35% dos vencimentos de abril e maio estariam cativados devido à paragem motivada pela pandemia de covid-19, sendo repostos em 05 de agosto e 05 de setembro, respetivamente, com o regresso da Liga.
O incumprimento salarial abalou a segunda volta do Desportivo das Aves, que consumou a descida à LigaPro a 29 de junho, ao ponto de ter originado as rescisões unilaterais do guarda-redes francês Quentin Beunardeau e do avançado brasileiro Welinton Júnior, desencadeadas em "dois processos diferentes que transitaram para a FIFA".
"O processo do Beunardeau ainda não sofreu alterações e estamos a aguardar resposta", resumiu Estrela Costa, sobre uma desvinculação apresentada a 7 de abril e a que a Comissão Arbitral Paritária da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) deu provimento ao antigo dono da baliza avense no final desse mês.
Já no caso de Welinton Júnior, que também estava vinculado até junho de 2022, os nortenhos defendem que "há determinadas condições que estavam cumpridas, foi pago o último salário adiantado assim que entrou no clube e não existiu qualquer razão na rescisão", motivos que justificaram uma ação litigiosa movida pela SAD junto da FIFA.
"Fomos informados que o prazo de contestação terminou e nada foi entregue. Isso não quer dizer que vamos ganhar o processo, mas contestar algo que não tem contestação é um bocadinho difícil. Queremos o contrato do Welinton até ao fim e uma indemnização por danos que estão à vista. Realmente, foi uma perda muito grande para o Aves", notou.
A SAD liderada pelo chinês Wei Zhao foi absolvida a 30 de junho da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre dezembro e março, mas aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de março e abril.
O assunto foi remetido da LPFP para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol a 9 de junho, podendo acarretar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 31 jornadas, numa altura em que o Desportivo das Aves disputará as três rondas finais apenas para cumprir calendário.