Procura tem aumentado no clube de Guimarães, mas o preconceito ainda é entrave ao salto do futebol feminino.
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A chegada do JN cria entusiasmo e nervosismo, mas não tira o foco às jovens futebolistas vimaranenses que representam o Brito Sport Clube nos escalões de sub-13, sub-15 e sub-17 de futebol feminino. Nos minutos que antecedem o treino, há conversas sobre a escola e amizades, mas sempre com um olhar no relvado para observar que tipo de exercícios estão a ser planeados pela equipa técnica.
Não escapam do aquecimento, nem dos alongamentos, e as pausas apenas surgem quando têm autorização para falarem com a nossa reportagem. Mas, até esse momento, as atenções dividem-se entre os exercícios e o discurso de Lemos Guerra, coordenador da formação do futebol feminino do Brito. "Tem sido um trabalho gratificante. As meninas são felizes, têm empenho, gostam de jogar futebol e têm condições", assume o dirigente. "O clube dá-nos condições e todos os dias são desafiantes. Têm evoluído e algumas até já têm sido chamadas às seleções distritais da Associação de Futebol de Braga", lembrou.
Com o crescimento do futebol feminino em Portugal, a procura tem sido mais elevada. No entanto, ainda há barreiras para ultrapassar. Os apoios vão chegando, só que há entraves a serem superados. "Dá trabalho arranjar apoios, mas tem valido a pena. O projeto, que começou em 2018, tem crescido de ano para ano. E alguns patrocinadores generosos têm reconhecido o nosso trabalho", justificou.
A maior dificuldade para um maior crescimento surge em algumas questões da sociedade. "Muitos pais não aceitam que as filhas joguem futebol. Penso que ainda há preconceitos. Já tive abordagens de algumas meninas que queriam jogar, mas que não tiveram uma resposta positiva por parte dos progenitores", lamentou. "É um problema da sociedade. Os preconceitos existem em todas as classes, em todos os desportos e em todas as profissões", concluiu.
A jovem Mafalda, de 14 anos, é uma das pioneiras do projeto iniciado em 2018. Em jeito de retrospetiva, a jogadora salienta o crescimento do futebol feminino. "Além da evolução como jogadoras, agora há mais equipas e temos melhores condições. E na altura partilhávamos os balneários com os rapazes".