O jogador do Liverpool e da seleção morreu, juntamente como irmão, num brutal acidente de viação em Espanha.
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A tragédia surgiu, sem aviso, ao quilómetro 65 da autoestrada A-52, em Cernadilla, na noite cerrada da província de Zamora. O carro onde seguiam Diogo Jota e o irmão André Silva despistou-se, aparentemente devido ao rebentamento de um pneu durante uma ultrapassagem, seguindo-se um incêndio, e os dois atletas não resistiram, deixando o futebol mundial de luto e Portugal a chorar a morte de dois jovens. Os velórios realizam-se hoje, a partir das 16 horas, na Igreja Matriz de Gondomar, e os funerais decorrem, no mesmo local, amanhã, às 10 horas.
Os dias felizes dos últimos tempos transformaram-se num mar de dor, que deixou toda uma família sem chão. Depois de se ter sagrado campeão inglês ao serviço do Liverpool e de ter celebrado a conquista da Liga das Nações por Portugal, Diogo Jota casou-se, no passado dia 22, com Rute Cardoso, com quem namorava desde os 15 anos e com quem tinha três filhos. O período de férias estava a terminar e, impedido de viajar de avião por ter sido submetido a uma pequena operação ao pulmão no final da época passada, Diogo Jota decidiu rumar de carro a Inglaterra para se apresentar ao trabalho em Anfield Road.
Fê-lo na companhia do irmão, futebolista de 25 anos do Penafiel, da Liga 2, e o trajeto passava por Zamora, onde pernoitariam antes de apanharem o ferry, em Santander, rumo a Plymouth, já na Grã-Bretanha, antes de completarem o trajeto até Liverpool, mas o destino foi travado, de forma brutal, a poucos quilómetros da fronteira entre Portugal e Espanha.
Formados no Gondomar SC, os dois irmãos sempre foram felizes com a bola nos pés, com Diogo Jota a construir uma carreira recheada de sucessos. Completou a formação no Paços de Ferreira e foi contratado, muito jovem, pelo Atlético de Madrid, com os sete milhões de euros pagos pelos colchoneros a permitirem ao clube da Capital do Móvel pagar a construção de uma bancada. Seguiu-se uma temporada, por empréstimo, no F. C. Porto, antes de rumar à Premier League, onde mostrou toda a qualidade em três épocas no Wolverhampton. A sua classe convenceu o Liverpool a investir 45 milhões de euros na contratação do avançado que, por essa altura, já era presença habitual na seleção nacional.
Liverpool retira o 20
André Silva teve uma carreira menos mediática do que o irmão, mas também não lhe faltavam razões para sorrir. Além de ter cumprido o sonho de jogar numa liga profissional, ao serviço do Penafiel, tinha concluído recentemente um curso de gestão e aproveitou as férias para acompanhar Diogo até Inglaterra.
A notícia que chocou o mundo do futebol sentiu-se com grande intensidade em Liverpool. Poucos minutos depois de ser conhecida a notícia da morte de Diogo Jota e André Silva – a família deslocou-se a Zamora para identificar os corpos, trasladados ontem à noite para Portugal –, centenas de adeptos, alguns do rival Everton, rumaram a Anfield Road para prestar homenagem ao internacional português. Os reds anunciaram a retirada da camisola 20, o número utilizado por Jota, e o eterno lema do clube inglês servirá para honrar a memória de Diogo e André: “Nunca caminharão sozinhos”.