Regra das cinco substituições passa a definitiva no final desta semana, por decisão do International Board. Técnicos analisam o lado bom e mau do que a covid-19 trouxe ao desporto-rei.
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Num piscar de olhos, passaram quase dois anos desde que o furacão da covid-19 chegou em força ao futebol e, numa altura em que a pandemia parece entrar na fase final, eis que a modalidade vive um momento de transição, com calendários ainda apertados por jogos adiados em muitos países, estádios com lotações limitadas em alguns campeonatos e uma regra nova que se tornará definitiva no final desta semana, por decisão do "International Board", a que passou a permitir cinco substituições em cada equipa durante os 90 minutos.
Em Portugal, a Liga adotou esta medida em 2020, logo na retoma das competições que estiveram três meses interrompidas, e os treinadores concordam com a ideia de a manter. "Ainda bem que isso vai acontecer. As regras do futebol devem ajudar a que o jogo seja mais intenso, mais espetacular e esta é uma delas. A regeneração física dos jogadores é essencial", afirma, ao JN, Sérgio Vieira, que na época passada orientou o Farense no escalão principal.
"Recordo esse período sobretudo pela ausência de público, que felizmente já regressou aos estádios. A gestão das equipas também foi complicada, devido aos casos de covid nos plantéis. Encarou-se o vírus como uma lesão em cada jogador e a verdade desportiva chegou a estar em causa, como se viu ainda há poucos meses naquele jogo entre a B SAD e o Benfica. Não foi o único, mas penso que foi o exemplo mais claro", acrescenta o técnico.
Na opinião de João Henriques, que nas três épocas afetadas pela pandemia esteve ao leme de Santa Clara, V. Guimarães e Moreirense, a regra das cinco substituições tem coisas boas e más. "Desde que as alterações continuem a poder ser feitas apenas em três paragens, penso que ajudam a manter a intensidade das equipas num nível alto e a motivação dos jogadores, que agora estão em maior número na ficha de jogo. Por outro lado, os treinadores ficam com menos espaço para criar e para mudar taticamente um jogo, pois passaram a ter soluções no banco para quase todas as posições", refere.
O International Board vai, ao que tudo indica, recusar o aumento dos intervalos de 15 para 25 minutos, e o técnico natural de Tomar concorda com a decisão: "Penso que parar o jogo durante quase meia-hora teria repercussões em termos fisiológicos nos jogadores e seria prejudicial ao próprio espetáculo".
Perguntas
Com que frequência os jogadores são testados?
No início da pandemia eram testados 48 horas antes dos jogos, mas agora os testes deixaram de ser obrigatórios. Um jogador é testado sempre que apresente sintomas. Antes, os atletas até chegavam aos treinos em horários diferenciados para evitar concentrações no balneário.
Quais são os procedimentos se um jogador testar positivo?
Cumpre isolamento domiciliário. Se não tiver sintomas, realiza um plano físico de treino para manter a forma. Muitos clubes optam por colocar os jogadores que contactaram mais diretamente com o infetado a equipar-se num balneário à parte do plantel.
Como é que os clubes organizam as viagens?
A pandemia não trouxe grandes mudanças neste aspeto. Essencialmente, os clubes procuram colocar os jogadores e todo o staff no mesmo piso de hotel de forma a evitar contactos com os hóspedes, o que pode aumentar os casos de contágio. As refeições são feitas numa sala própria e apenas com acesso reservado aos elementos do clube.