O F. C. Porto reagiu, este domingo, na newsletter Dragões Diário, à absolvição de Santiago Colombatto, antigo jogador do Famalicão que, na época passada, chamou, alegadamente, "mono" (macaco) a Pepe, no jogo da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal.
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O Conselho de Disicplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu ilibar o ex-médio famalicense de acusação de racismo, uma vez que não foi possível provar que o futebolista argentino proferiu o insulto racista do qual se queixou o capitão do F. C. Porto durante e após o jogo que decidiu a passagem à final da Taça.
Os azuis e brancos reagiram, já este domingo, e acusam a FPF de pura e simplesmente ter ignorado as provas que existiam, afirmando ainda que o Conselho de Arbitragem (CA) não cedeu os áudios das comunicações entre os árbitros, facto que o JN pôde comprovar, uma vez que teve acesso ao acórdão da FPF.
"É falso, portanto, que não tenha havido provas. As que houve foram ignoradas e as que poderiam ter sido adicionadas não foram verdadeiramente procuradas por quem tem o poder de aplicar a justiça - curiosamente, os mesmos que sancionam os clubes quando por qualquer motivo não colaboram em situações semelhantes", acusa o F. C. Porto na Dragões Diário.
"Contrariando o defendido pela instrutora do processo, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu por unanimidade absolver Colombatto, antigo jogador do Famalicão que na temporada passada dirigiu insultos racistas a Pepe durante um jogo da Taça de Portugal. O acórdão dá conta da inexistência de 'prova de que um jogador, durante um jogo oficial, tenha visado outro jogador com a expressão de teor claramente racista - e, por isso, discriminatória - mono'. O que é falso. São prova do ocorrido as declarações e a reação espontânea e indignada de Pepe, capitão do F. C. Porto e um dos capitães da seleção de Portugal, que o Conselho de Disciplina liderado por Cláudia Santos optou por desconsiderar", acrescenta o clube azul e branco, antes de destacar a ausência de resposta do Conselho de Arbitragem ao pedido da Comissão de Instrutores.
"Este primeiro indício de que o Conselho de Disciplina não se empenhou na descoberta da verdade é atestado por outro facto. Segundo o acórdão, a instrutora 'solicitou à direção de arbitragem da FPF (...) o envio das imagens/som do VAR (...), as quais, mesmo após insistência, não lhe foram facultadas'. Uma vez que o incidente ocorreu perto do árbitro principal e que é provável que o registo sonoro permitisse descortinar o teor das palavras de Colombatto, é inusitado que o Conselho de Arbitragem não tenha aceitado colaborar com a justiça e que o Conselho de Disciplina não se tenha empenhado na obtenção do máximo de informação possível. É falso, portanto, que não tenha havido provas. As que houve foram ignoradas e as que poderiam ter sido adicionadas não foram verdadeiramente procuradas por quem tem o poder de aplicar a justiça - curiosamente, os mesmos que sancionam os clubes quando por qualquer motivo não colaboram em situações semelhantes", pode ainda ler-se no texto publicado no site do clube portista, que não deixa de lembrar o estatuto que Pepe tem ao serviço da seleção nacional.
"Aos 40 anos de idade e mais de duas décadas depois do arranque de uma carreira que o coloca no topo do futebol mundial, Pepe vê assim um insulto racista que lhe foi dirigido passar impune na sequência de uma decisão lamentável do Conselho de Disciplina da mesma federação de futebol que ele orgulhosamente representa desde 2007", finaliza o F. C. Porto.
O JN sabe que a Federação Portuguesa de Futebol nunca cedeu áudios em casos semelhantes. Por outro lado, segundo apurou o nosso jornal, o CD tomou a decisão baseada na versão do árbitro, que não ouviu qualquer insulto racista. Inclusive, o jogador mais perto da discussão afirmou, com clareza, que aquilo que Colombato disse foi: "Me diste un patadon, boludo". Por sua vez, só Pepe dizia que Columbatto lhe chamou "mono". O JN sabe ainda que o CD absolveu o jogador do Famalicão não por falta de provas, mas porque o órgão disciplinar achou que não tinha havido ilícito.