"O sonho comanda a vida, e quem comanda o sonho somos nós próprios". Começou a trote, mas já compete a galope. Ana Mota Veiga começou no hipismo com 20 anos, e hoje, com 46, está perto de garantir a segunda qualificação para os Jogos Paralímpicos, depois de ter marcado presença no Rio de Janeiro, em 2016, ano em que foi a única portuguesa na categoria de paradressage.
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A cavaleira com paralisia cerebral teve o primeiro contacto com cavalos por questões de saúde: "Sempre tive animais e um dia a minha mãe comprou-me um cavalo para tratar a minha doença que afeta o desenvolvimento motor". Hoje em dia, inspira e expira hipismo, contagia todos com o amor aos cavalos e faz qualquer um gostar da modalidade.
Começou a competir em 2009, mas como todos os caminhos têm obstáculos, o de Ana tem sido uma estrada com alguns buracos. Para além da dificuldade em arranjar um centro hípico para treinar, viveu o pesadelo da equitação, em 2014. Já em preparação para os Jogos Olímpicos do Rio, enfrentou um dos "maiores desafios" de que tem memória.
O Vento, seu primeiro cavalo e fiel companheiro, morreu. A atleta conta este incidente como "o momento mais complicado da carreira": "Considerei desistir", disse ao JN.
Para a cavaleira, pensar em toda a situação era regredir no tempo, perder anos de treino, esforço e dedicação, que se resumiriam a lágrimas. Planear o futuro era mergulhar na incerteza e todas as soluções tinham sabor a recomeço.
De imediato, o foco de Ana era arranjar um novo cavalo, mas a ida aos Jogos estava praticamente esquecida. "Adoro o que faço então acabei por aceitar que seguir em frente seria a melhor coisa a fazer. Conheci o Convicto, um novo cavalo com quem estou até hoje".
Apesar das negras perspetivas e do caminho difícil que teve de percorrer, Ana superou-se e continua a superar-se a cada dia.