A caminho do Benfica, que já se entendeu com o River Plate para a sua transferência, Enzo Fernández subiu a pulso na carreira, soube aproveitar as oportunidades e dá o salto para o futebol europeu no seu melhor momento individual.
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Recebeu o nome de Enzo em honra de Francescoli, ídolo intemporal do River Plate, pelo que joga já foi apelidado de "Fernández Redondo", em alusão ao antigo internacional argentino Fernando Redondo, e tem como ídolos Enzo Perez, Leonardo Ponzio e Frankie De Jong.
Só pelas referências, a carreira de Enzo Fernández, que o Benfica amarrou numa jogada de antecipação aos tubarões endinheirados do futebol europeu, merece ser acompanhada com a devida atenção, mas até que os olhos do mundo se virassem para si, o jovem argentino, de 21 anos, teve de fazer bem pela vida.
Oriundo de uma família humilde, natural de San Martín, Buenos Aires, Enzo chegou ao River com apenas cinco anos, depois de ter despertado a atenção de Pablo Esquivel, olheiro dos 'Milionários'.
Conseguido, a custo, o consentimento dos pais, o jovem lá se mudou para o gigante argentino. A adaptação não foi, contudo, fácil. Nos primeiros anos, esteve longe de ser figura principal nos escalões de base do River, o que o levou a pensar em tentar a sua sorte noutro lado.
Acabou por ir ficando, época após época, elevou o nível do seu jogo e acabou por ser chamado a um treino da equipa principal. Enzo aproveitou a oportunidade, fez o treinador, Marcelo Gallardo, olhar para si com a devida atenção e, em 2020, estreou-se pela equipa principal do River Plate, num jogo da Taça Libertadores frente aos equatorianos da Liga de Quito.
O caminho para a afirmação na equipa principal dos 'Milionários' parecia abrir-se diante de si, mas Gallardo tinha outros planos. Numa conversa que Enzo Fernández assume ter sido dura e inesperada, o técnico explicou-lhe que, naquela altura, o melhor seria ser emprestado a outro clube para somar minutos e poder continuar a evoluir.
O médio anuiu e mudou-se para o Defensa y Justicia, onde conquistou dois troféus continentais, a Copa Sudamericana e a Recopa, esta às custas do Palmeiras de Abel Ferreira, nas grandes penalidades.
Um ano depois, regressou ao River Plate com o estatuto reforçado e não demorou a ganhar um lugar no meio-campo, ao lado do ídolo Enzo Perez. A dupla complementava-se na perfeição, com a classe de Fernández a aliar-se à impetuosidade de Perez.
"Sou um jogador com boa técnica e forte no passe, rápido e com boa visão de jogo", definiu-se Enzo, ao sítio do clube argentino. É sobretudo isto que os adeptos do Benfica podem esperar de um reforço que só em 2022 marcou nove golos e fez seis assistências e que chega à Luz com estatuto de internacional, mantendo legítimas esperanças de entrar nas contas de Lionel Scaloni para a fase final do Mundial do Catar.
Numa corrida apertada pela sua contratação, as águias bateram 10 milhões de euros, aos quais acrescem outros 8 milhões por objetivos, e deixaram para trás colossos como o Real Madrid e o Manchester City, mas também o Wolverhampton e o Flamengo, que tentou contratar o argentino no ano passado.
Fã de filmes de ação e de jogar consola, Enzo Fernández tem como alcunha "Gordo" porque "em pequeno era meio gordito", tal como chegou a contar. Em trânsito para a Luz, o jovem diz-se orgulhoso pelo seu trajeto até aqui. "Foi duro. Custou-me, mas ver que cumpri tudo isto deixa-me feliz", confessou, à imprensa argentina.