Espanha e Inglaterra têm na juventude um dos grandes argumentos para a final que decide o sucessor da Itália. Decisão joga-se este domingo (20 horas).
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Em 1936, no mesmo palco em que hoje Espanha e Inglaterra vão travar-se de razões pelo título europeu, um jovem Jesse Owens garantiu que nunca envelheceria. Conquistou quatro medalhas de ouro olímpicas e, com o nazi Adolf Hitler a ver, cerrou o punho contra o racismo e a xenofobia que, na altura como agora, minavam a sociedade. Jesse Owens morreu em 1980, mas ainda vive. E é esse destino, com as devidas distâncias, porque a coragem do herói americano assim o exige, que aguarda os futuros campeões europeus. Talvez mais para os ingleses, que estão há 58 anos à espera de outro feito capaz de dar alguma paz ao título mundial de 1966, o único troféu que os “três leões” ergueram.
Quanto à Espanha, almeja o “tetra”, depois das conquistas de 1964, 2008 e 2012. Que Espanha ou Inglaterra sejam as derradeiras opções para suceder à Itália, ainda campeã em título, não é propriamente uma surpresa. Surpreendente talvez seja como acabaram aqui e quem se evidenciou na caminhada de ambas até Berlim. Ou era expectável que Nico Williams, Lamine Yamal, Saka, Bellingham e Mainoo chegassem à final com o estatuto de estrelas ou de figuras preponderantes nas respetivas seleções? Bellingham, talvez. Mas Mainoo? Nem foi titular em nenhum jogo da fase de grupos. E Yamal? Com 17 anos? No entanto, aí estão eles e hoje, não havendo contratempos, serão os mais novos entre os 22 jogadores que vão iniciar a final, prometidos à senda que Jesse Owens traçou há quase 90 anos.
Decisivos desde o início
À exceção de Mainoo, médio do Manchester United, de 19 anos, os restantes já marcaram na competição e entre esses apenas Bellingham não assistiu. No entanto, o médio do Real Madrid, 21 anos, marcou o golo que valeu a vitória sobre a Sérvia (1-0) e outro, aos 90+5 minutos, que evitou a eliminação nos oitavos de final com a Eslováquia. Já Saka, 22 anos, marcou à Suíça e fez o passe para o tal golo de Bellingham na primeira jornada. Do lado espanhol, Lamine Yamal chega à final com um golo (aquele golaço à França na meia-final) e três assistências, enquanto Nico Williams, que completou 22 anos na sexta-feira, marcou e assistiu no triunfo da “La Roja” sobre a Geórgia. Mas ainda falta o último passo para a tal juventude eterna.
Título decide ou relança a luta pela Bola de Ouro
Determinante para o Real Madrid ser campeão espanhol e europeu, Jude Bellingham reforçará a candidatura a melhor jogador do ano caso a Inglaterra vença. Já Rodri, campeão pelo Manchester City, é o espanhol melhor colocado para aspirar à Bola de Ouro. Foden é outro nome forte, enquanto Yamal tem a candidatura prejudicada pela má época do Barcelona.
Protagonistas
Morata
Capitão de Espanha
“Estamos a um passo de conseguir algo que significaria muito para mim. Espero chorar muito de alegria este domingo”
Harry Kane
Capitão de Inglaterra
“Nunca ganhei um título coletivo e claro que trocaria todos os prémios de goleador por esse título, ainda mais com o meu país”