A seleção norte-americana bateu as Honduras, por 3-0, em duelo de apuramento para o Mundial marcado por temperaturas pouco habituais. Dois jogadores hondurenhos tiveram mesmo de ser assistidos por apresentarem sinais de hipotermia.
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O Estádio Allianz Field, em Saint Paul, foi o palco escolhido para o encontro da 11.ª jornada das eliminatórias da CONCACAF rumo ao Catar 2022. O recinto, com capacidade para quase 20 mil adeptos, é o orgulho dos Minnesota United FC, da Major League Soccer, tendo sido inaugurado em 2019, mas entra para a história envolto numa polémica absolutamente gelada.
Quando o árbitro apitou para o início da partida, os termómetros marcavam qualquer coisa como 16 graus negativos e se este valor é suficiente para fazer qualquer um querer estar à lareira com uma manta nas pernas, o que dizer da sensação térmica? O vento cortante do estado do Minnesota, tão típico em fevereiro, fez com que o jogo se disputasse a 25 graus negativos, a mais baixa temperatura alguma vez registada num jogo internacional dos Estados Unidos.
Habituados a outras latitudes, é escusado dizer que os jogadores das Honduras sofreram mais que os adversários e nem foi preciso esperar que a bola rolasse para se ouvirem críticas.
"Isto não é normal. É inconcebível que uma superpotência, em todos os sentidos da palavra, escolha realizar um jogo nestas condições só para conseguir uma vitória. O jogo nem começou e já só quero que acabe. Assim não dá para desfrutar, só para sofrer", afirmou Hernan Dario Gomez, selecionador hondurenho.
O certo é que, estratégia ou não, a escolha funcionou perfeitamente para os Estados Unidos, que venceram facilmente um rival que, ao longo de 90 minutos, só fez dois remates e nenhum enquadrado com a baliza. E se a estatística dá uma pista das dificuldades sentidas, a confirmação surgiu ao intervalo.
O guarda-redes Luis Lopez e o avançado Romell Quioto tiveram de ser substituídos ao intervalo, por apresentarem sinais de hipotermia, sendo que o guardião ainda estava a receber tratamento quando o encontro acabou. Claro que o desconforto térmico não afetou apenas os jogadores hondurenhos, como mostrou o guarda-redes Matt Turner no Twitter, com humor à mistura.
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O jogo não esteve, sequer, em risco de ser adiado, com o selecionador dos Estados Unidos a defender a escolha feita pela federação norte-americana e a lembrar que os EUA também já tiveram de jogar em outras situações climatéricas extremas.
"Convém realçar que fornecemos equipamentos polares de proteção a toda a equipa e staff das Honduras, bem como aos árbitros, para que se desenrolasse em segurança. Quando vamos jogar a países com mais de 30 graus e 90% de humidade, com os jogadores que ficam desidratados e com cãibras, a questão também se devia colocar. Quando escolhemos o palco do jogo vemos as temperaturas médias e não podíamos adivinhar que vinha aí uma onda de frio", afirmou Gregg Berhalter.
A polémica está para durar - nas redes sociais até os adeptos norte-americanos se mostram contra a decisão de jogar nestas condições -, mas os Estados Unidos somaram mesmo os três pontos - graças a golos de Weston McKennie, Walker Zimmerman e Christian Pulisic - e mantêm o segundo lugar na fase de apuramento para o Campeonato do Mundo, com os mesmos pontos do México e a quatro do líder Canadá.