Há quem diga que saber envelhecer depende de mantermos a capacidade de nos espantarmos com o mundo. Nesta altura, não faltam motivos para me espantar com o mundo, ou melhor, com o Mundial. Como sou um adepto de listas, deixo aqui o meu top-10 de motivos de espanto. Em contagem decrescente:
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10. A FIFA continua acima da lei, a vender o futebol a seu bel-prazer, sem respeito por nada nem por ninguém.
9. A FIFA é tão poderosa que o "Chefe de Estado" Gianni Infantino usa sapatilhas em eventos oficiais no Catar.
8. Muito se falou da perda de milhares de vidas humanas na construção dos estádios, para depois se passar a elogiar a beleza e a sustentabilidade ecológica dos recintos.
7. Os tempos mudam, mas nunca muda o "ondular da bandeira nacional" por parte de muitos jornalistas, que nestas alturas se deixam cegar pelo amor à pátria. E com orgulho nisso.
6. Parece que para vários especialistas, os jogos de futebol deviam ser decididos como as competições de ginástica: pelas notas artísticas de um júri.
5. Pensava-se que as seleções europeias iam tirar partido do Mundial se disputar a meio da época, mas pela primeira vez houve representantes de todos os continentes nos oitavos, à custa da Alemanha, Bélgica e Dinamarca.
4. A Alemanha que, até 2018, nunca fora eliminada na primeira fase, ficou de fora dos oitavos pela segunda vez consecutiva.
3. Durante três minutos, e quando faltavam cerca de 20 para o fim dos últimos dois jogos do Grupo E, Japão e Costa Rica estiveram virtualmente apurados para os oitavos em detrimento de Espanha e Alemanha.
2. Um jogo disputado num recinto de quase 10 mil metros quadrados foi decidido por 1,88 milímetros e a Alemanha é que pagou.
1. Afinal o futebol internacional nem sempre é colonizado pelo Estado-Nação: a maior parte (e mais entusiasta) dos adeptos de Portugal neste Mundial é da Índia e do Bangladesh. Só para ver isso já valeu a pena levar o CR7 ao Catar.
Como dizia o meu amigo professor Bitaites: "Estou para a minha vida"!
*Sociólogo