Indisfarçável benfiquista, o maestro António Victorino de Almeida aponta o dedo aos "energúmenos" que têm posto em casa o profissionalismo dos leões e lembra que, uma equipa, tal como uma orquestra, requer uma afinação permanente.
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Este Benfica tem produzido uma sinfonia melodiosa ou ainda há afinações a fazer?
A orquestra tem estado a tocar bem, mas uma orquestra, tal como uma equipa, tem de ser ciclicamente afinada. E há alguns jogadores que precisam de ser mais integrados na forma de jogar da equipa. Por exemplo, o Rafa é uma mais-valia indiscutível, mas ainda não se tirou o melhor partido dele. É uma coisa que, seguramente, com o tempo, o treinador irá fazer. O próprio Jiménez também ainda não rendeu tudo.
O que aconteceu naqueles primeiros 25 minutos do jogo com o Boavista, na Luz?
Foi um período em que tudo correu bem ao Boavista, incluindo eventuais erros da arbitragem. O Benfica conseguiu uma recuperação notável, até porque o Boavista não é pera doce, mas, depois, talvez se tenha cansado e, de repente, voltou a uma toada morna. Foi um jogo que teve o melhor e o pior. Ninguém pode ficar contente com o resultado, nem com o início do jogo, nem com os últimos 25 minutos, mas acontece.
Quem é o maior maestro desta equipa?
Em cada partida, há alguém que pega no jogo. Em alguns encontros, foi o Fejsa a fazê-lo, mas desapareceu um bocadinho desse posto de comando. Depois há o Jonas, que é um jogador absolutamente fantástico. É tão bom ponta de lança como é construtor de jogo. Só é pena não ter 20 e poucos anos. Para mim, o Jonas é o maestro do Benfica.
Jiménez esteve a um passo da China. Como vê essa questão?
Fez muitíssimo bem em querer ficar cá. É certo que o futebol chinês está a evoluir, mas, para já, é uma espécie de cemitério de carreiras de luxo.
Tem-se falado muito de arbitragem e do "polvo". O que acha?
Acho perfeitamente ridículas as queixas dos árbitros, porque todos os árbitros erram. Contra o F. C. Porto, contra o Sporting, contra o Benfica, sobretudo contra os mais pequeninos, que são os que menos se queixam.
Mas, sem erros, a classificação seria, de facto, diferente?
A classificação da Liga é o que se vê no jogo e o árbitro faz parte do jogo, mesmo quando erra. Os famosos penáltis do Sporting contra o Benfica, por exemplo. Admitamos que o primeiro foi: primeiro, não se pode dar como seguro que seria golo; depois, a partir daí, o jogo seria diferente. Dizer que houve dois penáltis é um absurdo. É lamentável este basqueiro e esta gritaria que os clubes fazem. Saber perder, mesmo com erros de arbitragem, é uma grande vitória. E, enquanto profissional do espetáculo, estou solidário com os jogadores do Sporting.
Porque diz isso?
Porque não merecem que um bando de energúmenos ponha em causa o seu profissionalismo. Sou absolutamente contra isso e fiquei indignado com os insultos que vi. É uma atmosfera que se está a tornar demencial, que tem algo de paranoico. O Arsenal há quantos anos não ganha? É altura de acabar com isto.