De candidatos à descida para o top-3 da Bundesliga, o Estugarda está perto de conseguir uma surpreendente classificação para a Liga dos Campeões. No entanto, o regresso de um dos clubes mais antigos da Alemanha à elite do futebol do país tem sido atribulado.
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Depois da vitória sobre o Dortmund por 1-0, o Estugarda encontra-se agora no terceiro lugar com os mesmos pontos que o Bayern Munique. O ritmo dos farmacêuticos de Leverkusen parece não ser alcançável e agora o maior enredo está nos dois lugares restantes do top-3. A época dos bávaros tem sido aquém das expetativas e o conjunto dos “Schwaben” aproveita para voltar à elite do futebol alemão, após quase ter descido na última temporada.
O elemento chave da formação de Estugarda é o avançado Guirassy. Apesar de ter o número nove nas costas e ser ponta de lança de profissão, trabalha o jogo todo para o benefício da equipa. Devido à impressionante capacidade física combinada com a extrema velocidade, o guineense consegue tirar as defesas adversárias da posição e abrir espaços para os colegas de equipa brilharem. O jogador que mais aproveita este facto é Undav, com quem estabeleceu química total no ataque. Outra revelação da equipa tem sido Fuhrich, sempre desconcertante na ala esquerda, o extremo ataca sem pensar duas vezes.
No conjunto de Sebastian Hoeness, técnico apontado a outros voos, destacam-se nomes desconhecidos para a maioria dos adeptos de futebol, como o médio francês Enzo Millot, os laterais Vagnoman e Mittelstadt, e até o avançado suplente Silas, que retira toda a réstia de energia aos defesas sempre que entra. Na baliza, encontra-se o imperial Nubel, a parar todas as intenções das equipas forasteiras.
O conjunto de todas as peças forma uma máquina formidável, que está perto do nível do Leverkusen de Xabi Alonso. A criatividade de Hoeness, aliada à precisão de Guirassy, faz com que os adeptos da casa delirem sempre que o Estugarda joga, estando agora no caminho certo para disputar a Liga dos Campeões pela primeira vez desde 2009/10.
Apesar do sucesso desta época, o trilho foi complicado.
Na era pré-Bundesliga, o Estugarda era um dos maiores clubes, sobretudo no sul da Alemanha. Nos anos 50, o clube viveu um período de ouro, com dois campeonatos nacionais e duas taças alemãs. Além disso, a instituição, que foi uma das fundadoras da liga em 1963, disputou exatamente o mesmo número de jogos na Bundesliga que o Borussia Dortmund. Uma passagem de dois anos pela segunda divisão na década de 70 obrigou a equipa a reconstruir-se, mas voltou a estabelecer-se no topo da classificação da Bundesliga, culminando com o seu primeiro título da Bundesliga em 1983/84. Voltaram a ganhar o campeonato mais duas vezes em 1992 e 2007, antes de desceram para o segundo escalão em 2016 e 2019, no meio de controvérsias económicas envolvendo a Direção do clube, com muita revolta dos adeptos à mistura. O clube andou a vaguear entre a primeira e segunda divisão, com poucas esperanças de conseguir o brilharete feito nesta época.
Condizente com a cidade que é mais famosa pelas sedes da Mercedes-Benz e da Porsche do que pelo futebol, a academia de Estugarda produziu alguns dos maiores nomes do futebol alemão moderno, como Sami Khedira, Timo Werner, Serge Gnabry e Joshua Kimmich. Outro jogador da casa, o guarda-redes Timo Hildebrand, ainda detém o recorde da Bundesliga de maior período sem sofrer golos, com 884 minutos de invencibilidade pelo clube em 2003. A formação ainda utiliza um conceito desenvolvido na década de 1990 por Ralf Rangnick, ex-técnico do Man. United, para ajudar a promover e melhorar os jovens jogadores, de modo a prepará-los física e mentalmente para o jogo profissional. Está na cana mais uma joia da formação no guarda-redes Dennis Seimen, apontado a ser um dos grandes guardiões do futebol mundial.