Este Campeonato do Mundo realiza-se 40 anos após o Espanha"82, o primeiro Mundial a que assisti, pela televisão.
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Aqui bem ao lado, a "magia" de algumas seleções e o génio de Platini, Zico, Sócrates, Falcão, Boniek, Maradona e Rossi deliciaram espectadores, fizeram história e marcaram muitas gerações.
Ainda sem Portugal como presença habitual do maior torneio da modalidade, o Mundial de 82 foi dos mais belos espetáculos da história do futebol.
Passadas quatro décadas, Portugal passou a presença habitual, apresenta-se com uma seleção repleta de qualidade, vai a jogo com um dos melhores jogadores da história, e conquistou, aos olhos de muitos, lugar no conjunto de favoritos à vitória no torneio. Tudo razões que nos conferem o direito de sonhar com o título mundial.
Uma evolução igualmente assinalada pela força da candidatura conjunta Portugal, Espanha e Ucrânia à organização do Mundial2030.
O futebol português está no topo, o que se deve ao trabalho de excelência dos clubes, dirigentes, jogadores, treinadores, Liga e Federação ao longo destas décadas.
Por tudo isto, seria desejável que nesta altura estivéssemos exclusivamente tomados pela pura expectativa dos resultados e da prestação dos jogadores, mas a escolha do Catar para a organização do Mundial de 2022 reúne hoje largo protesto, essencialmente porque contraria os valores mais intrínsecos ao desporto.
A decisão do Comité Executivo da FIFA foi tomada há 12 anos, a 2 de dezembro de 2010. Uma decisão da FIFA marcada por singularidades. O primeiro Mundial no inverno e o primeiro a realizar-se no Médio Oriente. Uma decisão envolta, como se sabe, em enormes suspeitas e investigações que ainda não se encontram totalmente concluídas.
Volvidos 12 anos, o debate que toma conta dos dias antecedentes ao Mundial está centrado no desrespeito por direitos e liberdades. O Catar continua a não cumprir com os direitos humanos. E este protesto não pode ser silenciado pela euforia do Mundial.
A Seleção Nacional apurou-se com mérito para a prova. A presença dos responsáveis políticos do país nos jogos da Seleção representará isso mesmo, o apoio à Seleção, que veste a nossa bandeira, e nunca representará qualquer apoio ou cumplicidade com o desrespeito pelos direitos humanos. Exatamente como em torneios desportivos internacionais anteriores.
*Secretário de Estado da Juventude e do Desporto