Eustaquio foi peça importante na reta final dos dragões, num ano marcado pela perda da mãe.
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Stephen Eustaquio, médio que o F. C. Porto recrutou ao Paços de Ferreira em janeiro do ano passado, assumiu, esta temporada, um papel de maior destaque nos dragões, proporcionado pela saída de Vitinha para o PSG. Entre todas as competições domésticas e a participação na Liga dos Campeões, o médio luso-canadiano somou 2723 minutos de utilização, divididos entre 44 jogos. Neste período, somou sete golos e assinou seis assistências, um recorde na carreira profissional do médio.
A paragem competitiva para o Mundial 2022, e a morte da mãe, em abril, foram contrariedades que o centrocampista conseguiu ultrapassar para ajudar a equipa a chegar à reta final num alto ritmo competitivo. Perante a saída de Uribe do plantel, Eustaquio confessa-se preparado para dar mais um passo em frente e assumir uma posição de maior relevo no conjunto de Sérgio Conceição.
Esta época ficou marcada pela conquista da Taça de Portugal e o segundo lugar no campeonato. Qual é o balanço que faz do desempenho da equipa?
Demos tudo o que tínhamos, passámos a fase de grupos da Liga dos Campeões, ganhámos a Supertaça, Taça da Liga e conquistámos agora a Taça de Portugal. Lutámos até ao fim no campeonato, que não conseguimos vencer.
Feitas as contas, é uma temporada positiva?
Acredito que para outros clubes, o que fizemos seria uma época muito boa, mas, para nós, não, porque lutámos para ganhar tudo, e, infelizmente, o mais importante, o campeonato, não conseguimos ganhar. Por isso, para compensar os nossos adeptos, tivemos de dar o máximo nas taças e estou feliz por as termos conquistado.
Na final do Jamor, o F.C. Porto conseguiu limitar muito a ofensiva do Braga. Esta versão dominante que apresentaram fez falta em alguns jogos do campeonato?
Sim, sem dúvida, mas, lá está, as equipas passam por vários momentos. As lesões também contribuem para isso, tal como estados de espírito e motivação. É sempre difícil estar no máximo durante o ano inteiro, também pelo que os jogadores passam na vida pessoal e tudo mais. Acho que fomos dominantes do início ao fim, mesmo com um jogador a menos não deixámos o Braga atacar, tiveram volume, sim, mas nunca conseguiram rematar à baliza. Foi um jogo bem conseguido e muito sólido da nossa parte.
Espera afirmar-se como titular absoluto na próxima temporada, com a saída de Matheus Uribe?
Isso também depende muito da fase do jogador e tudo mais, mas logicamente estou aqui para trabalhar e para ser titular. Quero jogar os jogos todos, estaria a mentir se dissesse que não quero, e é para isso que vou trabalhar para o ano, para estar bem, e para ter uma boa fase, mas durante a época toda. Essa é a vida de qualquer jogador.
O Eustaquio foi titular várias vezes esta temporada, mas não foi indiscutível, o Marko Grujic também fez vários jogos...
Sim, isso depende muito do míster, e também do momento em que eu estou. Logicamente que, se eu estiver muito bem, acabo por jogar, é uma consequência do trabalho diário, mas há momentos em que eu não consigo estar tão bem, e, este ano, foi um exemplo disso, em que estive muito bem até ao Mundial do Catar, e depois quebrei ali um bocadinho. Nessa altura, o mister, e bem, apostou no Marko, que também é um jogador muito bom.
Conceição é um homem que vive no máximo
A exigência do treinador dos dragões, Sérgio Conceição, é frequentemente apontada pelos jogadores como uma das razões para o sucesso nas seis épocas em que o ex-jogador comandou o conjunto azul e branco. Nesse período, o F. C. Porto conquistou três campeonatos, três Taças de Portugal, três Supertaças e uma Taça da Liga.
Para Stephen Eustaquio, a atenção ao detalhe, tal como a intensidade que o técnico exige dos atletas durante todas as fases da temporada, são o grande segredo para as conquistas domésticas dos dragões esta época, onde só faltou mesmo o campeonato, que só foi "entregue" ao Benfica na última jornada. Nas competições europeias, o F. C. Porto deixou uma boa imagem e caiu nos oitavos de final com o Inter de Milão, que vai disputar a final com o Manchester City, no próximo sábado.
Eustaquio garante que, apesar das fases de menor fulgor, sentiu sempre o apoio do treinador para fazer parte da equipa, como titular ou como opção, a partir do banco.
Durante este ano, sentiu a confiança de Sérgio Conceição, mesmo durante aquelas fases em que não era titular tantas vezes?
Sim, sem dúvida, o míster deu-me sempre muita confiança. Logicamente, houve fases em que não fui titular, mas fui útil à equipa, caso contrário, nunca teria jogado a final da Taça da Liga, a final da Taça de Portugal e a Supertaça.
Foi suplente utilizado em vários momentos...
Houve vários jogos em que entrei, e em muitos fui titular, por isso sempre tive confiança naquilo que o ´míster faz, e só tenho a agradecer.
O que diferencia Sérgio Conceição dos restantes treinadores que teve durante a carreira?
É um homem que vive os dias todos no máximo. Acho que ele tem bem noção de quando alguma coisa está fora do lugar, que nós temos de reparar isso o mais rápido possível, porque todos os dias temos de estar no máximo, e a verdade é que, agora, olhando para o campeonato, se estivéssemos estado bem, no nosso máximo, num jogo ou outro, tínhamos ganho o campeonato.
O treinador tem motivos para lamentar a tal consistência que faltou em determinados momentos da época?
Sim, tem toda a razão. Sentimos isso, mas agora é pensar no futuro. A verdade é que o míster é um exemplo para todos, pela forma como vive a profissão e o dia a dia.
À margem
Férias para todos com quatro exceções
A maioria do plantel portista entra hoje de férias, mas a época ainda não acabou para Diogo Costa, Pepe e Otávio, que têm jogos da seleção portuguesa nos dias 17 e 20 deste mês, diante de Bósnia-Herzegovina e Islândia, relativos à fase de apuramento para o Euro 2024. Também Marko Grujic foi chamado a representar a seleção da Sérvia, nos embates frente à Jordânia (16) e Bulgária (20).
Trio com situação ainda indefinida
Com a saída de Uribe já oficializada, restam três jogadores em fim de contrato com o F. C. Porto (Manafá, Marcano e Fernando Andrade), cujas situações ainda não estão definidas. O central espanhol é o que tem mais hipóteses de vir a renovar.