Numa entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera", Leandro Castán recordou que os responsáveis da Roma não o informaram que tinha um tumor cerebral e que um dia foi às redes sociais e viu o seu nome, sendo surpreendido, num momento que lhe virou a carreira do avesso.
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"De princípio a Roma preferiu esconder-me as coisas. Eu decidi isolar-me e afastar-me das redes sociais, mas um dia olhei para o telemóvel. E no Twitter diziam que eu tinha um tumor cerebral e podia morrer. O medo foi avassalador. Eu ainda não sabia o que se passava comigo. Ninguém me tinha dito nada, nem o clube nem os médicos. Só me diziam para estar calmo. Depois lembrei-me de que o meu avô morreu de cancro no cérebro. Pensei que o meu destino seria o mesmo", revelou o brasileiro Leandro Castán.
O antigo defesa, agora com 38 anos, lembrou os sintomas num jogo contra o Empoli, que o levaram a fazer uma ressonância magnética no hospital. Naqueles 15 minutos, a minha carreira acabou. Durante o aquecimento, senti uma dor na coxa. Fui substituído e deixei o campo para sempre. Quando cheguei a casa, comecei a sentir-me mal. Na manhã seguinte, as coisas pioraram. Sentia-me tonto, pensava que ia morrer. Nunca pensei que experienciaria algo assim. Os primeiros 15 dias foram terríveis. Não me conseguia levantar, vomitava imenso, perdi 20 quilos, estava perdido", disse o internacional brasileiro por duas ocasiões.
Sobre a recuperação, fala de só querer continuar a viver. "Os médicos disse ou parava de jogar ou era operado. Eles tinham de me abrir a cabeça, era uma operação muito perigosa. Eu não a queria fazer, mas lembro-me que naquele dia, quando cheguei a casa, a minha mulher disse-me que iria voltar a ser pai. Foi um sinal de Deus. Ao ver um jogo da Roma pela televisão, deu-se um clique. Eu não queria parar. Uma semana depois, estava na sala de operações. A minha única preocupação era ficar vivo para não deixar a minha mulher e os meus filhos sozinhos. No dia anterior à cirurgia, fui treinar a Trigoria. Toda a gente achou que eu era maluco, mas precisava disso”, disse.
Por último, Leandro Castán deixou agradecimentos à Roma. "Se tivesse estado no Brasil, não sei o que teria acontecido. Ofereceram-me o melhor cuidado, pagaram-me os salários e renovaram o meu contrato mesmo sem jogar. E todas as mensagens que recebi de toda a Itália: Baresi, Allegri, Del Piero, Bonucci... eles fizeram-me sentir perto e deram-me força. E obrigado aos colegas de equipa que estiveram lá para mim. Por exemplo, Emerson Palmieri, De Rossi, Maicon, Alisson, Radja Naingollan, Benatia, só para dizer alguns”, concluiu.
Castán terminou a carreira de jogador em 2022, pelo Guarani do Brasil, estando agora a tirar o curso de treinador no seu país de origem.