Antigos jogadores portistas, Beto, Diogo Valente e Chainho, entendem a revolta dos adeptos, mas lembram que os futebolistas não são imunes ao erro.
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A festa de aniversário de Otávio, no passado domingo, abalou o universo azul e branco, com vários jogadores do plantel a infringirem o regulamento interno do clube e sendo alvo de processos disciplinares por parte da SAD. Agora, com o jogo frente ao Estrela da Amadora à vista e a luta pelo terceiro lugar do campeonato em causa, resta saber o impacto que toda a situação vai ter no desempenho da equipa de Martín Anselmi.
O JN falou com três ex-jogadores do F. C. Porto, que são unânimes em destacar que o mau momento desportivo não aconselha a grandes festejos. “São jovens, mas não são crianças e têm de ter noção do momento. É verdade que o futebol atual dá pouco tempo para a diversão, mas com comunicação tudo se resolve: numa véspera de folga, que não foi o caso, não há problema nenhum em dizer ao presidente ou ao treinador que se vai beber um copo de vinho, que até ajuda a libertar alguma da pressão”, explica o antigo guarda-redes Beto.
“Há momentos para tudo e, neste caso, o problema foi a festa acontecer na véspera de um treino. Não souberam resguardar-se, foram para um local público e hoje em dia tudo é amplificado. Também passei por situações dessas, levei na cabeça e aprendi, mas é preciso não esquecer que os jogadores não são máquinas: são seres humanos e, por isso, erram”, defende Chainho, ex-médio do F. C. Porto, enquanto Diogo Valente recorda uma máxima que aprendeu enquanto jovem atleta.
“Para os adeptos, se eu for beber uma cerveja depois de uma vitória, é só uma cerveja. Se for depois de uma derrota, é um barril inteiro. Não perceberam o momento e é óbvio que tudo isto não caiu bem aos adeptos, devido à situação que a equipa vive”, salienta o extremo, que ainda joga no Salgueiros.
A importância dos líderes
O impacto da polémica só será conhecido amanhã, depois do jogo com o Estrela, mas há algo imprescindível. “Tem de ser resolvido internamente. Quem errou tem de ser chamado à atenção e perceber que, em qualquer clube, o grupo está à frente dos interesses individuais. Convém não esquecer que muitos sócios fazem um esforço enorme para pagar quotas e bilhetes de jogo”, destaca Beto, enquanto Chainho diz que a “união é fundamental”. “Se o conseguirem e ganharem o jogo, o caso esquece-se mais facilmente. Agora se perderem...”, acrescenta o antigo centrocampista, algo com que Diogo Valente concorda em absoluto: “Vai depender dos resultados. Os triunfos ajudam a apagar os erros, mas nas derrotas os adeptos vão voltar a cobrar, a criticar e a responsabilizar o plantel”.