Luís Castro recorda os anos que passou ao serviço do Dragão e garante que, mais cedo ou mais tarde, quer ser campeão da Liga
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O título de campeão nacional pela equipa B do F. C. Porto foi tão difícil como ganhar uma prova europeia?
Só dá importância ao título de uma equipa B na 2.ª Liga quem está numa equipa B. É tão difícil, tão difícil. Há convocatórias feitas à meia-noite depois de um jogo da equipa A, há jogos em que ficamos sem três jogadores por causa da equipa A, há jogos ao domingos e à quarta-feira e não há tempo para treinar. Tive jogadores fantásticos que perceberam essa adversidade e estiveram sempre prontos para jogar. Só quem esteve lá dentro é que percebe a importância de um título por uma equipa B e tenho de agradecer a toda a estrutura que me apoiou.
O que significou para si ganhar um Dragão de Ouro no F. C. Porto?
Na história de vida, procuramos deixar marcas nos nossos filhos, no nosso trabalho e em tudo aquilo que nos envolve. O F. C. Porto colocou-me uma marca para toda a vida e isso enche-me de orgulho.
Depois de ter sido campeão na LigaPro não era a altura certa para sair do F. C. Porto?
Continuei. Tive um convite para sair do país, não era para treinar, e eu tinha mais um ano de contrato com o F. C. Porto. Achei por bem não seguir o caminho da independência financeira, porque devia continuar a dar o meu contributo como treinador.
Um dos seus objetivos é ser campeão nacional na Liga?
É.
Acha que vai conseguir?
É um objetivo como certamente os meus colegas também o terão. Mas não quero que encarem isso como uma prepotência minha. Tenho muitos objetivos de vida não cumpridos e este até pode ser um objetivo não cumprido da minha parte. Se não for, está tudo certo na mesma.
Chegou a treinar a equipa principal do F. C. Porto quando o Paulo Fonseca saiu. Pensou que iria continuar na equipa principal na época seguinte?
Isso foi um flash na minha vida. Tudo nos passa pela cabeça, achamos que podemos fazer um jogo, três, que podemos fazer quatro meses ou mais. Isso passou-me pela cabeça, houve momentos bons, mas foi apenas uma gotinha.
O que falhou?
Falhou eliminar a equipa que ganhou três vezes a Liga Europa, o Sevilha. Falhou, no fundo, a sorte de não ter eliminado o Benfica, na Luz, na Taça de Portugal. Falhou eu não ter sido mais competente do que aquilo que eu fui.
Foi diretor técnico da formação do F. C. Porto, mas o clube não apostou muito nos jovens? Há alguma explicação?
As pessoas acham que o tempo da formação é igual ao tempo de uma equipa A. Numa equipa A, trabalhamos ao longo da semana e colocamo-la à prova ao domingo. Na formação, pegamos num miúdo aos 13 anos e estamos dez anos à espera que ele dê jogador. Num lado, o tempo é de uma semana e no outro é de dez anos. O que eu posso dizer é que o F. C. Porto foi agora bicampeão nacional de sub-19, campeão nacional da 2.ª Liga e colocou jogadores na equipa A e colocou em outros clubes em Portugal e no estrangeiro. Por isso, os meus objetivos como diretor técnico da formação do F. C. Porto foram plenamente cumpridos.
Passe curto
Nome: Luís Manuel Ribeiro de Castro
Naturalidade: Vila Real
Idade: 55 anos
Profissão: Treinador do Rio Ave
Passe longo
Natural de Vila Real, filho de um militar e de uma professora, Luís Castro jogou no União de Leiria e no Vitória de Guimarães, treinou o Penafiel, na Liga, foi diretor técnico da formação do F. C. Porto, e treinador campeão nacional pela equipa B dos dragões na LigaPro, na época passada. Nos tempos livres, gosta de estar com a família, ler livros de Psicologia e adora comer francesinhas. Pai de duas filhas, ambas têm o gosto pela arquitetura. "E eu não sei desenhar", diz, com um sorriso. Uma já exerce a profissão em Berlim, na Alemanha, e a outra ainda está a tirar o curso, enquanto a mulher do treinador do Rio Ave dá aulas de Matemática e Ciências. O sonho dos pais de Luís Castro era que o filho tirasse um curso superior, mas a vida encaminhou-o para o futebol, onde encontrou a felicidade. Quando fala do pai, os olhos do treinador brilham. E muito.