O F. C. Porto defronta esta sexta-feira (RTP1 e SportTV, 19.45 horas) o poderoso Barcelona, num desafio em que joga muito mais do que uma Supertaça Europeia, mas a oportunidade de entrar na história por derrotar a melhor equipa da actualidade. Há um mundo financeiro a separar os dois clubes.
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Sete anos depois, o F. C. Porto volta ao Mónaco, onde tem sido pouco feliz. Pela terceira vez, disputa a Supertaça Europeia no Estádio Louis II, agora diante do Barcelona, vencedor da Liga dos Campeões, a melhor equipa do Mundo da actualidade e muito mais do que um conjunto capaz de jogar à bola com arte.
Trata-se de um clube que tem pontos de contacto com o F. C. Porto, defensor acérrimo da regionalização, portador da mística, uma bandeira da Catalunha que pretende ser independentente do resto da Espanha, assim como a região nortenha portuguesa se queixa do centralismo enraizado em Lisboa.
Por isso, este jogo coloca no campo duas equipas muito próximas em termos de identidade, que gostam de satisfazer o público, mas afastadas por um fosso estrutural gigantesco em representação de dois mundos diferentes.
O Barça é uma marca conhecida no mundo inteiro, com adeptos nos mercados asiático e sul-americano, onde a venda de camisolas e de produtos de marketing ajuda a suportar o sucesso financeiro. Nesta matéria, a máquina "blaugrana" supera a estrutura portista. Tem um orçamento quase cinco vezes superior, uma receita de bilheteira nove vezes mais alta e receitas de publicidade 12 vezes mais elevadas.
Só há um ponto em que o F. C. Porto supera o conjunto "blaugrana", a tendência para conseguir bons encaixes financeiros sempre que vende jogadores para o estrangeiro. O defeso ainda não acabou e já ganhou 45 milhões de euros em transacções, enquanto o Barça facturou 42,7 milhões.
É a tendência de um clube vendedor e que assume uma política de valorização de activos sem perder o rumo desportivo. Por isso, já ultrapassou o Benfica no número total de títulos, fruto de um crescimento nos últimos 30 anos muito similar à forma como o conjunto catalão superou o Real Madrid nas últimas duas décadas.
Depois de terem ganho a Liga Europa diante do Braga, os portistas procuram vencer o oitavo troféu internacional e a segunda Supertaça europeia da sua história.
No Mónaco, onde o glamour e a riqueza andam de braço dado, terão de ser uma equipa de sentido colectivo para poder estancar as virtudes do adversário, muito bem interpretadas pelo génio de Messi, o jogador mais excitante do planeta.
Ainda esta semana, Pinto da Costa explicava a importância do triunfo na final da Taça dos Campeões Europeus de 1987 como a semente de muitas conquistas, o que pode ser visto como um bom ponto de partida de como um grupo coeso vergou o favorito Bayern Munique.
Porque no campo, o dinheiro vale muito pouco em comparação com a honra, a crença e a paixão, os valores que fazem do futebol um jogo de massas. Vinte e três anos depois de ter vencido a Supertaça diante do Ajax, quando o troféu ainda se disputava a duas mãos, os dragões têm pela frente o jogo mais difícil dos últimos anos. Vencer o Barça não significa apenas conquistar um troféu, significa derrotar a melhor equipa do mundo. E isso vale muito mais do que uma taça.