F. C. Porto e Benfica fora do relvado: um clássico para abanar as redes sociais
F. C. Porto e Benfica disputam liderança no universo digital, com vantagem curta e recente das águias, alavancada pelo regresso de Di María. Rodrigo Mora tem potencial para ser fenómeno digital, mas é “produto” inacabado.
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Seja, ou não, o jogo da época, o F. C. Porto-Benfica é sempre um clássico passível de parar o país futebolístico e na atualidade isso também significa fazer estourar a internet. No relvado, espera-se um jogo disputado ao milímetro. Nas redes sociais, o equilíbrio entre os dois clubes é patente ao nível do número de seguidores (12 milhões para as águias e 11,5 milhões para os dragões nas seis principais: Instagram, Facebook, Tik Tok, X, Youtube, Whatsapp e Linkedin), mas, tal como na classificação do campeonato, há vantagem benfiquista, sobretudo proporcionada pela presença no plantel de futebolistas com popularidade global.
O expoente é Di María, que tem 27 milhões de seguidores no Instagram, um número inatingível por qualquer jogador dos portistas, sobretudo depois de Pepe (18,5 milhões de seguidores na mesma rede) ter terminado a carreira. A contratação de Akturkoglu, no início desta época, foi outro passo em frente para o clube da Luz no digital, tendo em conta a força que as redes sociais têm na Turquia, especialmente pela vontade que os adeptos locais têm de comentar tudo o que aconteça com os principais jogadores do país.
No F. C. Porto, que liderou o combate digital durante vários anos, Diogo Costa é agora o mais popular (mais de 900 mil seguidores), mas o guarda-redes não é muito ativo nas redes, a exemplo do que acontece com a generalidade dos melhores jogadores da equipa, entre os quais Samu ou Fábio Vieira. A perda de Taremi (saiu a custo zero para o Inter) também foi prejudicial aos azuis e brancos, em função da quantidade de adeptos iranianos que o seguem. Os números dizem que Rodrigo Mora tem muito potencial de engajamento, como se pôde constatar na recente interação com uma jovem adepta no final do jogo com o Estoril (ver caixa), mas o talentoso atacante está ainda longe de ser um “produto” consolidado nas redes sociais e, para já, tem "apenas" 115 mil seguidores no Instagram.
“Micro-momentos”
A questão é colocada muitas vezes pelos adeptos. Estarão os principais clubes portugueses a trabalhar bem as redes sociais? “Penso que o fazem cada vez melhor, mas podiam fazer mais. Os jogadores deviam aparecer mais vezes e são os clubes que os têm. Os conteúdos exclusivos com jogadores como Di María podiam ser explorados de outra forma, embora o jogador possa estar preso a patrocínios. Uma campanha direcionada à Turquia também traria grandes números ao Benfica [na internet] porque a globalização permite-o. Por exemplo, o Sporting tem apostado no Tik Tok, com bons resultados”, afirma, ao JN, Paulo Rossa, diretor de inovação da Lisbon Digital School, para quem um clássico como o de amanhã é para aproveitar ao máximo a nível digital.
“Há excelentes conteúdos que têm de ser pensados, como aquele recente da aliança perdida por um adepto do F. C. Porto no Dragão, mas os melhores são os que vêm do momento. Como o de Mora no Estoril. Se dois jogadores rivais se abraçarem, por exemplo. São os chamados micro-momentos e os dois clubes têm de ter todas as câmaras apontadas neste jogo”, refere, acrescentando: “Costumo dizer que qualquer clube da Liga 3, cujas partidas também são filmadas, está a um golo do meio-campo de ser conhecido no mundo inteiro. Num jogo como o F. C. Porto-Benfica ou Benfica-Sporting, o número de pessoas a interagir nas redes é muito maior. Os adeptos estão ansiosos por conteúdo bom”.
Abraço e lágrimas com 1,5 milhões de visualizações
Após o Estoril-F. C. Porto da semana passada, uma jovem adepta invadiu o relvado e chegou a Rodrigo Mora, que a abraçou e lhe deu a camisola, levando-a às lágrimas. O momento foi captado pela SportTV e deu origem a uma publicação dos dragões que teve 1,5 milhões de visualizações no Instagram e o Tik Tok. Os portistas também tiveram sucesso digital quando uma aliança perdida há cinco anos no Dragão abriu caminho a uma interação que levou à descoberta do dono do anel e a quase um milhão de visualizações. No Benfica, o recorde desta época é um vídeo antes do jogo com o Barcelona, visto por 2,8 milhões no Tik Tok.