É noite cerrada e o tempo frio convida a estar no sofá, a assistir ao emocionante Sevilha-Real Madrid (3-3), da Taça do Rei. Porém, a paixão pela bola fala sempre mais alto. Seja no professor de educação física, no engenheiro, no arquiteto ou em responsáveis de grandes empresas.
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No Foz, os "doutores da bola", como por vezes são rotulados, deixam o estatuto no balneário e colocam o melhor sorriso para jogar futebol. Mas, desengane-se quem pensa que na zona nobre da cidade do Porto são tudo facilidades. "Sentimo-nos abafados e asfixiados. Precisámos de ajuda", alerta Sérgio Valente, dirigente do Foz.
Com a permanência praticamente garantida na 1.ª Divisão, Série 1, em que ocupa o sexto lugar, o Foz reformulou objetivos e promete atacar a subida à Divisão de Honra. Com 80% do plantel sénior proveniente da cantera, os portuenses têm respondido com brilhantismo a um mau início de época e venceram seis dos últimos sete jogos. A cumprir a primeira experiência como treinador principal no futebol sénior, o treinador Álvaro Madureira, de 31 anos, é a voz do otimismo que reina na equipa.
"Fiz a formação no Foz e sempre desejei começar aqui o trajeto como treinador no futebol sénior. É um clube diferente, com uma mística especial e que merece estar num patamar superior", explica Álvaro Madureira, treinador formado em Barcelona e que tem cativado o plantel pelos métodos de treino. "Já conhecia grande parte dos jogadores, mas a recetividade tem sido muito boa. Reunimos um grupo com grande potencial e os ingredientes necessários para fazer um bom trabalho. Somos ambiciosos e vamos lutar até ao final pelos primeiros lugares", promete o técnico.
Apesar da evolução da equipa, Álvaro Madureira não deixa de lamentar o facto de o Foz jogar sempre fora. "É limitador e condiciona não jogarmos no nosso campo. É mais uma adversidade que teremos de saber ultrapassar", faz notar o treinador, desejoso que o "Foz seja uma rampa de lançamento" para se tornar profissional de futebol.
Campo sem medidas obrigatórias
O maior entrave ao desenvolvimento do Foz situa-se na própria casa. O Campo da Ervilha não dispõe das medidas obrigatórias para receber os jogos da equipa sénior - tem 96x52 e metros e deveria ter 100X94 - e está a provocar uma enorme dor de cabeça nos responsáveis do clube, face aos prejuízos desportivos e financeiros causados. "Além dos 170 euros de prejuízo fixo por cada vez que jogámos em casa emprestada, temos perdido sócios, receitas de bilheteira e patrocinadores. É insustentável. Sentimo-nos abafados e asfixiados. Temos tido o "feed-back" que a Câmara Municipal do Porto está a unir esforços para resolver o problema do clube e esperamos que haja uma resolução para o nosso caso. Precisamos de ajuda", reitera Sérgio Valente, ainda assim "confiante" na subida. "A equipa é fabulosa a todos os níveis e se subirmos será a cereja no topo do bolo".