Têm atacadores, pitões de alumínio e o símbolo dos clubes bordados. Parecem verdadeiras chuteiras para calçar, não fosse terem um metro de comprimento. António Sousa faz chuteiras gigantes, na garagem de casa, em Fajões, Oliveira de Azeméis, em cima de uma arca antiga. Aproveita a noite, quando sai do trabalho numa fábrica como sapateiro. Fez duas da Juventus para o Cristiano Ronaldo. Está a tentar entregar-lhas.
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Começou a gaspear uma chuteira do Futebol Clube do Porto, no ano passado, quando o clube do coração garantiu a vitória do campeonato. Fez à pressa, levou pouco mais de uma semana, para poder ir para os Aliados comemorar e ceder várias selfies aos portistas em festa. Sempre gostou de futebol. "Já joguei e os meus filhos também". Mas a brincadeira começou em 1996, quando descobriu uma forma de um sapato com 58 centímetros na montra de uma loja.
Decidiu testar uns sapatos gigantes, "com salto e tudo", com motivos futebolísticos. Na altura, vendeu três a um camionista por 30 contos cada e ofereceu também à Casa do Porto de Romariz. "Ainda fiz bom dinheiro". E agora teve a ideia de fazer chuteiras. Foi aumentando a forma até mandar fazer uma em madeira de um metro. Custou-lhe 80 euros e tem mais de 20 quilos. "Faço tudo à mão, não tenho máquinas. Imagine a ginástica que tenho de fazer aqui. Leva forro e tudo".
Só numa pele chega a gastar 100 euros. E cada chuteira implica 50 horas de trabalho. Já fez uma da seleção nacional e duas da Juventus, quando na época passada o clube italiano levava 12 pontos de avanço. Levou um mês. "Cristiano Ronaldo é o meu ídolo. É o melhor do Mundo e é português". Tem "CR7" inscrito na chuteira. "Queria que isto chegasse aos olhos dele, gostava que ficasse no museu".
António é sapateiro desde os 12 anos e ainda quer fazer chuteiras do Barcelona e do Real Madrid para vender aos clubes para os seus museus.
Idade: 59 anos
Profissão: Sapateiro
Localidade: Fajões, Oliveira de Azeméis