Consulado de Portugal em Macau criou um projeto pioneiro e vai estreitando laços internacionais através do sucesso em campos de futebol.
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Ir a um consulado falar de futebol pode parecer absurdo, mas é isso que, não raras vezes, acontece no Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Afinal, de há uns anos a esta parte, é lá que se trata dos assuntos do Clube de Futebol Benfica de Macau, emblema há muito inanimado, mas reerguido por mãos diplomáticas.
Em 2013, à diplomacia cultural e económica, juntaram-lhe a diplomacia desportiva, com o futebol como mote "para aproximar comunidades". "É um projeto diplomático pioneiro a nível mundial. Através dele temos conhecido pessoas, muitas delas com funções políticas relevantíssimas, que de outra forma seria impossível", desvenda, ao JN, um dos mentores da ideia.
Cônsul-geral a tempo inteiro, Vítor Sereno, quarentão, marca golos nos tempos livres. Aos 46 anos, (ainda) é avançado e o capitão da equipa que começou a trepar escalões no futebol de Macau a partir de 2015, um ano depois da estreia oficial. "Começamos a competir na 4.ª Divisão em 2014. No nosso segundo ano, e no meio de 104 equipas, fomos campeões e subimos à 3.ª Divisão. E no ano passado terminámos o campeonato no terceiro lugar e subimos à 2.ª Divisão", resume Vítor Sereno, um dos dez jogadores que vão resistindo à inevitável ferocidade do calendário e seguem na equipa desde o início dos trabalhos diplomáticos em campos de futebol: "As pessoas também acham graça ao facto de o cônsul-geral jogar futebol e marcar golos".
A juntar às subidas de divisão, contam-se cerca de "30 troféus", ganhos também além-fronteiras. "Os mais relevantes foram conquistas em três torneios internacionais, na China, mas também já participamos em torneios em Hong Kong e em torneios de beneficência. O mais engraçado no meio disto tudo têm sido os convites de todos os lados que temos recebido. Graças a isto, temos relações privilegiadas com autoridades chinesas e países como Filipinas, Vietname, Camboja, Indonésia ou Tailândia", refere Vítor Sereno. Basicamente, é estreitar relações à custa da bola? "Tal e qual", responde.
Apesar de a média de idades roçar os 36 anos - o elemento mais velho conta 48 invernos - esta equipa de "amadores reformados" aspira agora à elite de Macau. Em nome da diplomacia.
