Mocidade Sangemil tem contrariado as previsões e lidera a 2.ª Divisão, Série 2. Plantel foi formado praticamente do zero e recebe cinco euros de prémio por vitória.
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Quem vê a classificação da 2.ª Divisão, Série 2, da A. F. Porto, dificilmente se aperceberá das dificuldades com que o Mocidade Sangemil se tem deparado. O clube maiato teve de superar diversas adversidades para começar a competir, mas assim que entra em campo não há contratempo que o impossibilite de lutar pela vitória, como comprova a liderança isolada no campeonato. "O que estamos a fazer é um autêntico milagre", considera o treinador, Adriano Gomes. Uma ideia partilhada pelo próprio presidente, Mário Vinhas.
Após uma temporada para (não) esquecer, que culminou com a descida de divisão, o Mocidade Sangemil foi obrigado a começar do zero. Fez regressar Adriano Gomes para o comando técnico e construiu uma equipa praticamente nova, já que apenas quatro jogadores transitaram da época passada. A juntar a tudo isto, o clube tem de saltar de campo em campo para treinar.
"Tínhamos uma expectativa muito baixa para esta época, mas conseguimos formar um plantel com homens de grande qualidade. Independentemente do que possa acontecer, a Direção está imensamente grata pelo que têm feito", faz notar Mário Vinhas, presidente do Mocidade Sangemil há 15 anos e ligado ao clube há três décadas. "O nosso principal problema é andar com a casa às costas todos os dias. Além de cansativo e dispendioso, é um entrave quando tentamos convencer os jogadores a virem para cá jogar", explica o dirigente. "A única coisa que podemos dar aos jogadores é uma bifana e um sumo no fim do jogo e cinco euros de prémio por vitória, para ajudar no custo das deslocações", revela.
"Temos uma luz ao fundo do túnel que, em breve, poderá ajudar a desenvolver o clube e dar-nos condições de trabalho. Vai ser feita a requalificação do Complexo Desportivo de Cutamas e temos a promessa que, na próxima época, já lá iremos treinar e jogar. Se for cumprido o estabelecido entre a Câmara Municipal da Maia e o Mocidade Sangemil, o clube realizará um sonho e fica com pernas para andar", afirma Mário Vinhas.
Liderança sem direito a euforia
Adriano Gomes cumpre a quarta passagem pelo comando técnico do Mocidade Sangemil. O treinador, de 65 anos, salienta que os "objetivos foram sempre cumpridos" nas anteriores passagens, mas confessa que, desta vez, não estava à espera de conseguir resultados tão positivos.
"Nem mesmo o mais otimista pensava que estaríamos tão bem classificados. Estamos a fazer um milagre", diz, sorridente, o técnico, que descarta a possibilidade de os maiatos serem candidatos à subida. "Só pensamos jogo a jogo, como fazemos desde o início da época. Trabalhamos sob condições muito difíceis e, fora, jogámos quase sempre em campos pelados, o que nos é prejudicial. Felizmente, temos um plantel com bons jogadores e grandes homens. Não se poupam a esforços e fazem de mim um treinador orgulhoso", conclui, radiante.
Bilhete de identidade
Passe curto
Fundação: 13-10-1974
Local de jogos: Complexo Municipal de Milheirós
Sócios: 250
Equipamento: Camisola vermelha e preta, calção preto e meias vermelhas
Palmarés: Campeão de Amadores, Série A, em 1995/96. Campeão da Divisão de Honra de Amadores, em 2010/11.
Passe longo
Emblema com tradição nos Amadores, o Mocidade Sangemil tem vivido altos e baixos no Distrital. Uma oscilação que se explica com a falta de condições. Os maiatos andam, época após época, com a casa às costas, mas nem isso os impossibilita de terem mais de uma centena de atletas. Um clube habituado a fazer muito com pouco e que pode dar um salto qualitativo quando tiver uma casa capaz de albergar todos os sonhos.
A figura
Renato é um dos quatro atletas que transitaram da temporada passada. Na sexta época no clube, o defesa, de 34 anos, não poupa nos elogios ao Mocidade Sangemil. "Não ganhámos dinheiro, mas, de resto, não nos falta nada. As pessoas são incansáveis e fazemos muito com pouco. Estamos a superar as expectativas, com um plantel novo e recheado de jovens, e temos uma forte palavra a dizer na luta pela subida", garante, confiante, o defesa maiato.