Orkun Kokçu, reforço das águias para as próximas cinco temporadas, a troco de 25 milhões de euros, é ainda um jovem futebolista, de 22 anos, mas exibe já uma forte personalidade dentro e fora do campo. No período em que representou o Feyenoord, o médio box-to-box garantiu que não sairia antes da conquista de um título importante e cumpriu a promessa em maio ao sagrar-se campeão nacional nos Países Baixos, feito que o clube não alcançava há seis anos.
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Natural de Haarlem, nos arredores de Amesterdão, Kokçu deu os primeiros passos no Groningen, na mesma academia em que Georginio Wijnaldum e Stefan de Vrij cresceram como jogadores, e aos 14 anos mudou-se para o Feyenoord. A sua qualidade catapultou-o à seleção laranja nas camadas jovens, porém, aos 19 anos tomou a decisão de ser internacional pela Turquia, por motivos familiares (é filho de pais turcos) e religiosos.
Muçulmano convicto, o médio não abdica da sua fé e a prova é que em outubro causou polémica ao recusar usar a braçadeira de capitão arco-íris, em apoio à comunidade LGBTIQA, numa partida do campeonato frente ao AZ Alkmaar. O defesa central Trauner acabou por o substituir no "cargo" e Kokçu justificou-se através de um comunicado. "É importante sublinhar o meu respeito pelas pessoas, independentemente da sua religião. Acredito que todos são livres, mas devido às minhas crenças religiosas não sou a pessoa certa para dar apoio ao movimento", escreveu, acrescentando outros argumentos.
"Algumas pessoas podem ficar desiludidas com a minha decisão. Não é minha intenção, mas tenho a esperança que as minhas razões religiosas possam também ser respeitadas".
Um mês depois, o futebolista aproveitou a pausa para a realização do Mundial - a Turquia falhou o apuramento - para se deslocar a Meca. Com dificuldades em dormir no fim da época 2021/22 e também no início da atual temporada, Kokçu terá encontrado a paz de que necessitava na cidade sagrada do Islão. "A partir daquele momento, o problema resolveu-se, encontrei muita força através da minha fé. Foi um período duro", afirmou, salientou que a falta de sono se tornou um "trauma". À Imprensa dos Países Baixos, disse que o problema persistiu no tempo e lembrou que, em abril de 2022, dormiu "zero minutos" antes da partida na Liga Europa com o Slavia de Praga.
No plano pessoal, é adepto fervoroso do Besiktas, não quer terminar a carreira antes de jogar pelo clube, e o pai, o seu ídolo, é simultaneamente o seu empresário. Garante que não gosta de luxos e que o maior prazer é mesmo jogar futebol.