Seleção das quinas conquista pela segunda vez a Liga das Nações, com vitória dramática sobre os espanhóis. “La Roja” esteve duas vezes a ganhar, mas Portugal reagiu a preceito. No desempate por penáltis, a eficácia lusitana foi total.
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Foi uma noite de glória para Portugal (veja aqui as imagens da euforia em campo). A Liga das Nações não é um Europeu ou um Mundial, mas a vitória sobre a Espanha foi tão saborosa como noutra ocasião qualquer. A seleção lusa teve de lidar com um adversário muito difícil, reagiu duas vezes a desvantagens no marcador e no desempate por penáltis não podia ter sido mais eficaz, convertendo as cinco, enquanto os espanhóis viram Diogo Costa defender o disparo de Morata.
Voltando ao princípio, Roberto Martínez insistiu na ideia peregrina de colocar João Neves como defesa-direito e deu-se mal. Mesmo com algum apoio de Francisco Conceição (outra novidade no onze português, tal como Vitinha), foi pelo lado de Neves que a Espanha mais atacou, com Nico Williams a aproveitar a desadaptação do médio do PSG para criar perigo sucessivo. Aos 21 minutos, “La Roja” abriu o marcador, num lance confuso em que Rúben Dias, atrapalhado por Oyarzabal (em aparente fora de jogo) e João Neves não conseguiram tirar a bola da área, antes de Zubimendi rematar com êxito.
Portugal não demorou a reagir e foi pelos pés daquele que seria o melhor jogador em campo a restabelecer o empate. Cinco minutos depois do golo espanhol, Nuno Mendes teve uma daquelas arrancadas imparáveis e disparou sem hipóteses para Unai Simón, numa jogada em que “nuestros hermanos” pediram, sem razão, um offside anterior de Ronaldo.
A vantagem espanhola surgiu de novo em cima do intervalo e é justo dizer que a equipa de Luis de la Fuente fez por merecê-la. Mesmo com a estrela Lamine Yamal bem vigiada por Nuno Mendes, a bola esteve constantemente nos pés dos campeões europeus e foi com naturalidade que Oyarzabal, assistido de forma brilhante por Pedri, rematou para as redes lusas.
Martínez emendou a mão no regresso das cabinas, apostou em Nélson Semedo para o lugar de João Neves (coincidência, ou não, Williams nunca mais fez miséria no flanco), reforçou o miolo com Rúben Neves e Portugal equilibrou o jogo. A posse de bola da Espanha tornou-se mais inócua e a seleção lusa acabou por chegar outra vez à igualdade: aos 61 minutos, nova investida de Nuno Mendes e, na única vez em que se libertou da marcação, Ronaldo desviou para o 2-2 com a classe e a qualidade que os 40 anos não apagam.
O resto dos 90 minutos regulamentares teve pouco perigo (Diogo Costa e Simón só foram chamados à ação uma vez, travando tiros de Pedri e Bruno Fernandes) e os instantes finais trouxeram uma lesão a Cristiano Ronaldo, que o obrigou a sair, embora sem o drama da célebre final do Euro 2016.
No prolongamento, com Rafael Leão a subir de produção depois de ter entrado a meio do segundo tempo a substituir Bernardo, Portugal começou por ser mais forte. Acusando um cansaço que depois não se confirmaria, os espanhóis falharam finalmente alguns passes e a seleção lusa aproveitou para criar perigo. Na melhor oportunidade, Semedo não foi capaz de marcar o golo que podia ter impedido os penáltis, destino inevitável para um duelo menos interessante no tempo extra.
No desempate, a festa foi lusitana. Gonçalo Ramos, Vitinha, Nuno Mendes, Bruno Fernandes marcaram, Diogo Costa travou o remate de Morata e Rúben Neves, com a taça à mercê, atirou para o sítio certo.
Análise
Mais
Nuno Mendes não deu veleidades a Yamal e a atacar foi um tormento para os espanhóis. Vitinha jogou que se fartou e o mesmo se pode dizer de Pedri na “Roja”.
Menos
João Neves não tem culpa da opção de Martínez e as dificuldades perante Nico Williams foram naturais. Bruno Fernandes correu muito, mas não esteve ao nível habitual a atacar.
Árbitro
O suíço Scharer teve um critério disciplinar desigual, com prejuízo para Portugal. O primeiro golo espanhol nasce de um lance com fora de jogo de Oyarzabal.