Fernando Santos revelou que na seleção nacional não há portas fechadas para nenhum jogador, o que se aplica a Rafa, que recentemente renunciou à seleção nacional.
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"Comigo a seleção está de porta aberta para todos os jogadores. Se o telefone tocar e o Rafa me pedir para conversar comigo, eu pergunto em que horas e em que local. Estamos a falar de um jogador que foi sempre convocado, o que aconteceu agora em outubro. Ele manifestou que não tinha condições de continuar por lesão, mas as portas nunca fecharam", disse Fernando Santos, em entrevista à Sport TV.
Fernando Santos comentou algumas críticas à forma de jogar de Portugal, muitas vezes apelidada de "resultadista". "Resultadista é ganhar, e não há treinador que não queira ganhar. O PSG, uma das melhores equipas do Mundo, joga com dois centrais. Nós jogamos com dois e mais dois laterais muito ofensivos, isto é ser resultadista? Parece-me um contrassenso. Compete-me convocar e potenciar os jogadores para jogar o melhor futebol possível. Encontrarmos a forma certa para jogarmos bem", continuou o selecionador nacional.
Sobre as polémicas a envolver Cristiano Ronaldo, sobretudo o castigo que o afastou dos treinos do Manchester United e do jogo contra o Tottenham, Fernando Santos admitiu que já esteve preocupado com o caso do capitão da seleção nacional. "Não concordo que o Ronaldo não esteja num bom momento. Se me falassem há dois meses, quando não estava a ser utilizado com regularidade seria diferente, agora está a ser titular. Houve um momento em que fiquei preocupado que foi quando se dizia que ele não ia treinar com a equipa... se estivesse a treinar sozinho era difícil", acrescentou.
Sobre a lesão de Pepe, Fernando Santos explicou que está em diálogo constante com o departamento clínico do F. C. Porto, que está a avaliar a condição física do defesa central. Porém, referiu que todos os jogadores o preocupam, sobretudo porque está numa altura onde já tem 90% das decisões tomadas. As dúvidas quanto ao estado físico de Pepe levanta a questão de uma possível convocatória de António Silva, central que tem estado em grande plano no Benfica.
"À partida o que está definido é que vamos ter quatro defesas centrais e há três que estão mais ou menos definidos e depois há sempre uma vaga. A questão do António Silva não tem a ver com o Pepe e o bilhete de identidade (18 anos) não conta, o Renato Sanches tinha 18 anos no Euro 2016. A função do selecionador é avaliar o comportamento dos jogadores e visualizar jogos para saber quais entendemos que devem ir à seleção". O selecionador nacional acrescentou ainda que " os jogadores vão à seleção por mérito, ninguém virá porque o empresário é A ou o clube é B".
Relativamente à questão fiscal, em que Fernando Santos vai recorrer da decisão do Centro de Arbitragem Administrativa, o selecionador nacional considera haver "muitas mentiras. "Sobre a minha empresa, desde treinador no Estoril sempre trabalhei, desde 1995 tenho empresas. Sempre tive outras atividades além do futebol. Não nasci rico, tive de me organizar. Tive empresas legais pagando impostos. Sobre esta empresa, estava na Grécia era residente habitual e fiscal e resolvi fazer investimentos em Portugal. Podia ter feito na Grécia, não pensava sair de lá, mas vim abrir uma empresa em Portugal que pagou os seus impostos cá. Não foi constituída com questões de fisco. Foi para adquirir ações numa empresa em Portugal e foi o que fez três meses depois. É uma empresa auditada, tem TOC e ROC. É transparente, sempre pagou impostos, não é fictícia", começou por dizer.
"O fisco exigiu que pague. Mas pague o quê se sempre foi pago? Essa falsidade enorme de que o fisco me acusou... o fisco nunca me acusou de fraude fiscal, nunca me levou ao tribunal. Não me exigia IRS. A minha empresa pagou IRC, num modelo que a Federação escolheu. Os contratos estão na Autoriade Tributária (AT) desde 2016. A minha empresa foi inspecionada desde 2017. Paguei mais de 80%. A AT tem em seu poder mais de 80% dos rendimentos que eu e os meus colabores recebemos aqui. Magoa que digam que criei empresa para fugir ao fisco", acrescentou.
"A Federação escolheu um modelo contratual. Fernando Gomes, uma pessoa de bem, impoluta, propôs que, em virtude do que tinha acontecido com Paulo Bento e a sua equipa técnica e depois com Carlos Queirós, entendeu que era melhor um contrato de prestação de serviços. Perguntei se era tudo normal. Há milhares de pessoas neste país que têm uma empresa e prestam serviços. É legítimo. Os tribunais irão decidir, não tenho de fazer juízos de valor. É legítimo e legal o que se fez. Ninguém tem de ficar aflito. A AT teve um entendimento diferente. Veio dizer que 'ok, é legal, mas o contrato não devia ser entre duas empresas, mas entre Federação e Fernando Santos. Uma empresa paga IRC e depois se quiser levantar o dinheiro paga 28% de IRS. A minha empresa pagou IRC, o Fernando Santos pagou IRS mais juros. Por isso disse que 80% dos vencimentos em 2016 e 2017 estão na AT. Fui eu que recorri. Eu recorri, porque não me parece legítimo que um português pague 80% de impostos. Já paguei IRS e IRC, paguei de dois lados, digam-me então como é. Agora sou o credor. Têm de pagar a mim ou à minha empresa. Impugnei para os tribunais administrativos e vou fazer o recurso está semana para o Supremo. Sei que no fim vou ter de receber. Ou vou receber IRS ou a empresa vai receber o IRC. Está lá 80% e isso não posso aceitar. Não foi a Autoridade Tributária que levou o Fernando Santos a tribunal. Eu é que recorri. Nunca fui acusado de fraude fiscal, nunca fui acusado de nada", finalizou, sobre o tópico.
A fechar, Fernando Santos admitiu o desejo de voltar a Portugal como campeão do Mundo. "Mantenho a ambição e os jogadores também, tem a ver com a confiança que tenho na qualidade do grupo de trabalho e que eles sejam o tal 'nós'", concluiu.