Lendário dirigente portista fez questão de convidar 87 pessoas para o aniversário, a 28 de dezembro. Sessão de fados emocionou-o, bem como aos amigos. Perdoou as pessoas com as quais se tinha zangado como líder do F. C. Porto. Ainda viu parte do último jogo dos dragões frente à Roma dois dias antes de morrer.
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Oito dias passados sobre a morte de Pinto da Costa, o JN revisita os últimos meses da vida do lendário presidente portista, com depoimentos de dois amigos próximos, Fernando Póvoas e Rui Couceiro, que recordaram alguns momentos marcantes partilhados com o antigo dirigente dos dragões.
“Viveu mais do que os médicos perspetivavam. O que mais queria era chegar aos 87 anos e conseguiu-o. O aniversário dele foi uma festa muito bonita no Monte Aventino. Quis convidar 87 pessoas. Veio gente de muitos sítios e até do estrangeiro. Eu trouxe de Lisboa as fadistas de que ele mais gostava, para uma sessão de fados. Toda a gente sentiu que era o último aniversário dele”, conta Póvoas, lembrando o derradeiro almoço que teve com Pinto da Costa: “Uma semana antes do falecimento fomos comer lampreia. Foi um trabalho desgraçado para tirá-lo de casa, por causa da cadeira de rodas, mas valeu a pena. É uma comida que enche, mas ele repetiu três vezes e ainda pediu sobremesa. Um líder nunca gosta de dar parte de fraco, mas ele estava-se nas tintas para isso. Não tinha qualquer problema em encarar as pessoas em cadeira de rodas. Estava sempre predisposto a tirar fotografias com todos. O que queria era viver o melhor possível. Gostava de conviver, de estar à mesa com a família e com os amigos, sempre com aquele humor desconcertante. Gostava de conversar, de se rir, de dizer umas larachas”.