A FIFA deixou esta quinta-feira sem resposta os crescentes pedidos de exclusão de Israel das competições internacionais de futebol, embora tenha apelado à paz em Gaza, afirmando não poder "resolver os crescentes problemas geopolíticos".
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"A FIFA não pode resolver os problemas geopolíticos, mas pode e deve promover o futebol em todo o mundo, explorando os seus valores unificadores, educativos, culturais e humanitários", sustentou o presidente do organismo, Gianni Infantino, em comunicado, antes da reunião do Conselho do organismo, realizada à porta fechada, em Zurique, Suíça.
Sem nunca falar em Israel, o dirigente ítalo-suiço aludiu à "situação em curso em Gaza", defendendo que o "poder" do futebol é "unir as pessoas num Mundo dividido", oferecendo "uma mensagem de paz e de unidade".
Bem diferente foi a atitude da FIFA em relação à Rússia, já que, poucos dias após esta ter invadido a Ucrânia, em fevereiro de 2022, o organismo juntou-se à UEFA na decisão conjunta de excluir a seleção russa e os clubes do país das competições internacionais, sanção que continua em vigor.
A FIFA reagiu assim por escrito aos crescentes apelos de todo o Mundo, reforçados após a ONU ter classificado a ação israelita como "genocídio", para excluir a seleção de Israel das competições internacionais, quando está em curso a campanha de qualificação para o Mundial2026.
Na semana passada, três peritos independentes da ONU pediram tanto à FIFA como à UEFA que suspendessem Israel, invocando o "genocídio" em Gaza e defendendo que "as instâncias desportivas não devem fechar os olhos às graves violações dos direitos humanos" em curso.
Na sexta-feira, a presidente da federação norueguesa, Lise Klaveness - cuja seleção masculina receberá Israel nos apuramentos para o Mundial, em 11 de outubro - revelou que está a trabalhar "para que Israel seja sancionado". "Pessoalmente, penso que se a Rússia está excluída, Israel também deveria estar", declarou num podcast norueguês, numa altura em que autoridades espanholas admitem boicotar o Mundial caso Israel se apure.
A ofensiva israelita em Gaza já matou mais de 66.100 palestinianos, incluindo 151 crianças vítimas de fome e desnutrição, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados fiáveis pela ONU. A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas em Israel de há dois anos, que causou 1200 mortos e 251 reféns, de acordo com as autoridades. Israel é acusado de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, acusações que nega.