Nova competição arrancou na última madrugada e está envolta em dúvidas no que respeita a público e receitas.
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Juntar 32 das melhores equipas do planeta, em 11 cidades dos Estados Unidos, das quais 12 são europeias (incluindo F. C. Porto e Benfica) e deviam ter os jogadores de férias, com base em critérios questionáveis de ranking e troféus conquistados há vários anos. Eis o Mundial de Clubes, “invenção” da FIFA para o verão de 2025, iniciado na última madrugada com um jogo pouco apelativo entre o Inter Miami e o Al Ahly, que está a levantar polémica global e cujo sucesso junto do público norte-americano é, no mínimo, improvável.
Gianni Infantino, presidente da entidade que tutela o futebol mundial, tem menos dúvidas. “Em termos de inclusão, economia e interesse dos adeptos, eu já sei que vai ser um sucesso. Acredito e estou convencido de que, mal a bola comece a rolar, o Mundo inteiro irá perceber o que está a acontecer aqui, que é algo especial”, afirmou o suíço, numa entrevista à Agência France-Press, antes do início da prova, numa altura em que se sucediam as questões sobre dificuldades na venda de bilhetes para a maior parte dos jogos (os do Real Madrid são exceções), baixa de preços de última hora em função da escassa procura e até oferta de ingressos a estudantes em Miami para a partida de abertura.
As dificuldades na promoção do Mundial de Clubes começaram logo na venda dos direitos televisivos, que não atingiu os valores esperados, acabando nas mãos da plataforma DAZN, que pagou mil milhões de dólares (cerca de 865 milhões de euros) e vai transmitir as partidas em “streaming”, de forma gratuita. Em consequência, os prémios de participação para os clubes baixaram em relação ao previsto (o F. C. Porto, por exemplo, chegou a perspetivar receber 50 milhões de euros pela participação e vai encaixar, de entrada, 16,4 milhões), sabendo-se que cada vitória na fase de grupos vale 1,9 milhões e que a passagem aos oitavos de final garante mais 6,9 milhões.
Como se percebe pelas palavras de Infantino, a organização da prova não parece preocupada. Segundo um estudo de impacto económico, a que o JN teve acesso, a FIFA estima que os 63 jogos da competição sejam vistos nos estádios por 3,7 milhões de adeptos e que o Mundial movimente 6,2 mil milhões de euros, com 432 mil postos de trabalho criados, dos quais 105 mil nos EUA. Só no setor do turismo, a FIFA prevê que sejam gastos 3,4 mil milhões de euros e que cada cidadão estrangeiro que viaje para os Estados Unidos gaste, em média, 500 dólares (cerca de 430 euros) por dia em solo norte-americano. v