O FK Arkadag infringe as regras, rouba jogadores aos rivais e ganha sempre. É mais uma reverência a um ex-presidente.
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Arkadag começou por ser o cognome de Kurbanguly Berdimuhamedow, mais tarde levantaria uma cidade de raiz e ainda daria título a um clube de futebol, numa espiral de acontecimentos só possível em países com os regimes mais autoritários e opressivos, onde o culto de personalidade é levado a extremos lamentáveis. Em junho de 2023, Arkadag, a cidade, foi inaugurada oficialmente, anos depois de começar a ser construída, sob o pretexto de ser uma “smart-city”, sustentável – o Turquemenistão, na Ásia, é o país que mais metano emite e considerado um dos mais poluentes do Mundo –, tecnologicamente avançada e cheia do bom e do melhor. Isto num país em que a maioria da população sobrevive na pobreza e em condições miseráveis. Custou cinco mil milhões de euros. E as intenções, claro, eram outras. É lá que também está o outro Arkadag, o clube que se sagrou campeão do Turquemenistão... oito meses depois de ter sido fundado.
Arkadag significa protector e é uma homenagem a Kurbanguly Berdimuhamedow, o homem que controlou o país entre 2006 e 2022, antes de dar lugar ao filho Serdar. Foi ele, o pai, quem pensou, planeou e colocou a andar o projeto de criar a nova cidade, “de importância estatal”, de acordo com as leis do país. O nome da mesma foi aprovado no insuspeito parlamento turquemeno e assim ficou, condenado a perpetuar-se como uma reverência eterna e constante.