Frederico Varandas: "Fases negras têm dois nomes - Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira"
O presidente do Sporting deu uma entrevista ao programa Trio D’Ataque, da RTP3, e admitiu que não acredita que o Benfica venha a ser suspenso das competições desportivas, após ser deduzida a acusação do processo dos emails, mas defendeu que o caso se assemelha muito ao Apito Dourado.
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Poucos dias depois de a SAD do Benfica ter sido acusada, tal como o ex-presidente Luís Filipe Vieira, de vários crimes e de o Ministério Público ter pedido a suspensão do clube encarnado das provas desportivas, em caso de condenação, Frederico Varandas tem dúvidas que tal se venha a concretizar.
“Hoje acredito pouco. Pelo que eu vi do futebol português, como adepto, como diretor clínico e hoje como presidente, acredito pouco. Eu penso que, independentemente da decisão judicial que venha a acontecer, é inegável que a mancha está lá. É inegável. E isto é mais um sinal, mais uma confirmação do que foi o segundo período negro do futebol português”, começou por dizer o líder leonino antes de concretizar.
“Houve um período negro chamado o Apito Dourado. Este não sei se vai ser recordado como o caso dos emails ou não, mas é verdade que são duas fases negras do futebol português e onde não há que ter medo de dizer que esses dois períodos têm dois rostos: Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira”, disse.
Apesar de reconhecer que o Sporting também teve responsabilidades próprias no insucesso nos últimos 40 anos, Varandas voltou a apontar o dedo: “O jogo estava viciado à partida. Algum português, ao ouvir as escutas do Apito Dourado, tem dúvidas do que é o Pinto da Costa? E, agora, um segundo agente vai ser acusado por corrupção ativa dos jogadores do Marítimo para perderem contra do Benfica. Já reparou como o caso do César Boaventura era um caso extraordinário, um caso de amor, onde um empresário decide gastar centenas de milhares de euros para corromper um clube, um jogador, para favorecer o Benfica”, questionou, antes de virar a atenção para o antigo responsável jurídico do Benfica.
“No período do Apito Dourado, Pinto da Costa tinha toda a sua teia, toda a sua estrutura montada, e mais tarde aparece um Luís Filipe Vieira que, talvez cansado de investir e não conseguir ganhar, faz uma portização do Benfica, indo buscar pessoas que toda a gente conhece, nomeadamente esta pessoa que é denominador comum em todos os processos: Paulo Gonçalves, fez parte da sociedade do F. C. Porto, curiosamente foi para o Boavista, quando o Boavista foi campeão e deixou o clube quando este desceu de divisão no Caso Apito Dourado. Ele passou por entre os pingos da chuva e o Vieira foi buscá-lo. É preciso pôr os nomes aos bois”, acusou.
Sobre o facto de o atual presidente do Benfica, Rui Costa, ser um antigo vice de Vieira, Frederico Varandas deixou essa questão para o rival da Segunda Circular: “Esse julgamento será feito pelos sócios e adeptos do Benfica, essa parte não me diz respeito. Agora, como presidente do Sporting, quero garantir que se faça justiça. E nós acreditamos que durante estas décadas não houve verdade desportiva”, repetiu.
“Tenho muitas dúvidas [que se faça justiça]. Há sempre a esperança quando vejo uma Juventus que desceu de divisão, ou clubes da Premier League a perderem pontos. Mas também entendo a dificuldade do Ministério Público em conseguir provar [os casos de corrupção]. Agora, uma coisa é o que é provado [em tribunal], outra coisa é um português, com dois dedos de testa, saber o que se passou”.
A comparação "horrível" a Pinto da Costa
Noutra fase da entrevista, Frederico Varandas foi questionado sobre se a dupla que forma com Ruben Amorim pode ser comparada à dupla Pinto da Costa-José Maria Pedroto, que revolucionaram o F. C. Porto no início dos anos 1980. O líder leonino não gostou da comparação.
"Desde que sou presidente do Sporting, tento ligar muito pouco ao que dizem de mim. Já fui insultado de tudo, durmo bem com isso, mas, de facto, essa comparação com o senhor Pinto da Costa se calhar está a um nível mais difícil de superar. Não por falta de inteligência, não por falta de competência, não por astúcia, mas sim por uma razão muito simples, do meu ponto de vista, e não quero magoar ninguém. Para mim, toda a competência que uma pessoa possa ter, toda a inteligência, vale zero, se não for alicerçada em valores e na ética. E, por isso, para mim, seria horrível se eu fosse comparado a esse presidente", afirmou.