Em Portugal, vê-se "daqui a dois ou três meses". Sem anticorpos nem vacina, Inglaterra espera jogos à porta fechada até outubro de 2021.
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"Futebol? Estádios cheios? Para já, isso é completamente impossível. E daqui a dois ou três meses já se verá", diz ao JN o presidente do Colégio de Doenças Infecciosas da Ordem dos Médicos. Para Fernando Maltez, "é muito cedo" para se perspetivar a data de regresso dos adeptos aos estádios, o que significa que só com as bancadas vazias os campeonatos poderão ser reatados em segurança sanitária. De Inglaterra, da própria pátria do "beautiful game", chegam vozes mais pessimistas: a bola só voltará a ser o que era quando houver imunidade coletiva (entre 40% e 80%, segundo as opiniões) ou imunidade de vacina, lá para outubro... de 2021!
O "The Times" cita estudos que garantem que o futebol das grandes multidões só voltará, na melhor das hipóteses, dentro de um ano e meio. Até lá, segundo os mesmos especialistas, os campeonatos deverão ser reatadas com jogos à porta fechada. "Por cada pessoa que se junta há um risco. Se houver mais cinco pessoas é mais perigoso do que duas. Dez mais perigosas do que cinco e 500 mais perigosas do que dez. E 60 mil é muito, muito perigoso. Como cientista, odeio dizer que estou 100% seguro de alguma coisa, mas estou muito próximo de dizer com 100% de certeza que nunca mais se poderá encher um estádio enquanto não houver vacina para a Covid-19. E ponto final", diz, Zach Binne, epidemiologista americano da Universidade de Emory.
Imunologistas citados pelo "The Times" ainda observam que mesmo que a vacina chegue nos próximos 18 meses a logística para imunizar um território com o do Reino Unido (68 milhões) "é muito complexa" e poderá acrescentar muito tempo até à inoculação plena da população.
Por cá, a avaliação será proporcional. "Se só agora, ao cabo de cinco meses, a China começou a aliviar as restrições sociais, presume-se que em Portugal, que teve o primeiro caso em março, tenha de decorrer o mesmo período. Mas nem isso é tão previsível, porque tudo poderá depender de fatores tão variáveis como a genética das populações ou as mutações do vírus. Para já, é completamente impossível haver pessoas nos estádios. Dentro de dois ou três meses já se verá", diz o presidente do Colégio de Doenças Infecciosas da Ordem dos Médicos.