Galeno acredita que o F. C. Porto pode recuperar os oito pontos de atraso para o Benfica e define treinador como o pilar dos dragões.
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É uma das figuras da época em curso no F. C. Porto. Depois de ter voltado ao Dragão, a meio da temporada passada, Galeno está a impor-se no plantel às ordens de Sérgio Conceição e, em entrevista ao JN, diz que a equipa portista continua a acreditar na possibilidade de se voltar a sagrar campeã nacional, apesar dos oito pontos de atraso em relação ao Benfica. Com muitos elogios para o treinador, o atacante brasileiro acredita que já superou a desconfiança dos adeptos, mas quer continuar a evoluir e a mostrar o que vale em cada jogo.
Com a passagem à final four da Taça da Liga, o F. C. Porto tornou-se a única equipa portuguesa em quatro competições. O que lhe diz este facto?
Diz muito sobre o trabalho que temos vindo a fazer desde o início da época. Estamos felizes por nos mantermos nas quatro provas e vamos continuar focados em todas elas, porque há objetivos a cumprir. Esperamos chegar ao final da temporada e poder dizer que conseguimos o que queríamos nessas competições.
No campeonato, a situação não é fácil e a realidade pontual diz que o F. C. Porto tem uma desvantagem grande em relação ao Benfica. Qual é o estado de espírito da equipa agora que a competição vai recomeçar, após um mês e meio de paragem devido ao Mundial?
Para já, vamos tentar reduzir esta desvantagem de oito pontos que temos. É nisso que pensamos. Sabemos que temos de ganhar cada jogo que disputarmos. Vamos dar tudo para fazer isso nas jornadas que aí vêm e depois esperar um tropeço do adversário que vai à nossa frente. Vamos trabalhar e tenho a certeza de que vamos reverter esta situação pontual.
Para além do clássico com o Benfica, que acabou com uma derrota, o F. C. Porto perdeu pontos com equipas menos cotadas, como o Rio Ave, o Estoril e o Santa Clara. Como explica esses resultados?
Aconteceu muita coisa, mas agora nem vale a pena falar sobre isso. Trabalhámos desde o início da época para que esses deslizes não acontecessem, mas a verdade é que aconteceram. Sabemos perfeitamente que uma equipa como a nossa não pode perder esses pontos. Como os perdemos, a partir de agora cada jogo será uma final para nós, mas estou certo de que vamos dar a volta à situação no campeonato e no final da época estaremos todos muito felizes.
Esta paragem do campeonato pode ter tirado ritmo à equipa e ser prejudicial ou os potenciais danos serão comuns a todos os clubes?
Todas as equipas têm de lidar com isso. Nós trabalhámos muito forte no dia a dia e vamos dar tudo para que este final de primeira volta e toda a segunda volta sejam diferentes do que aconteceu até agora no campeonato. Como já referi, cada jogo vai ser uma final. Não vamos pensar muito no que os adversários fazem. Temos é de pensar em nós.
Na Liga dos Campeões, o F. C. Porto também não começou bem o grupo em que estava, com duas derrotas, mas depois partiu para quatro vitórias seguidas que lhe valeram a passagem aos oitavos de final. Até que ponto isso foi importante, sobretudo depois de a equipa não ter conseguido esse apuramento na época passada?
Sempre estivemos confiantes de que íamos ser capazes de passar o grupo. O mister Sérgio Conceição passa-nos essa confiança. Ele sabe o grupo que tem na mão. Não estivemos bem nos primeiros dois jogos, é um facto, mas continuámos a acreditar e acabámos por passar à fase em que estão as 16 melhores equipas da Champions.
Foi um dos jogadores em destaque na fase de grupos, esteve na equipa da semana, marcou um dos melhores golos, naquele lance em Leverkusen. A Champions League também mexe consigo?
É uma competição especial, claro. Quando fiz o meu primeiro jogo na prova, foi um sonho realizado. Espero dar continuidade ao trabalho que tenho feito, com o auxílio dos meus companheiros, para poder ajudar também a equipa na Champions.
Já pensam na eliminatória dos oitavos com o Inter?
Neste momento, o que está na nossa cabeça é o jogo de quarta-feira com o Arouca. Esse é que é o mais importante. Quando chegar a hora da Liga dos Campeões, aí sim pensaremos no Inter. Temos muito tempo até lá para trabalhar. Agora, a prioridade é o campeonato porque estamos bem atrás do nosso rival e queremos dar a volta à classificação.
Quando voltou ao F. C. Porto, a meio da época passada, havia alguma desconfiança dos adeptos, e não só, em relação ao que podia trazer à equipa. Depois de se ter adaptado nos primeiros meses, este ano está a conseguir mostrar o que vale?
Estou a provar o que tinha a provar e a mostrar o meu valor. O mister Conceição sempre acreditou em mim. Saí para o Braga, mas eu sabia que um dia ia voltar ao F. C. Porto. O mister deu-me confiança e tenho trabalhado bem para estar preparado em cada jogo, física e mentalmente. Isso é muito importante para mim e, como já disse, espero dar continuidade ao que tenho feito para, tal como a equipa, ser feliz no final da época. Quero ajudar o F. C. Porto a conseguir vitórias e a ganhar títulos.
Como é trabalhar com Sérgio Conceição? Qual é a mais-valia que ele tem para estar já na sexta época seguida como treinador do F. C. Porto?
É o nosso pilar. É ele que nos comanda, tanto nos jogos como nos treinos. É um treinador que exige tudo dos jogadores e depois nós damos a vida em campo. Quem vem jogar para o F. C. Porto, sabe que vai ser assim. O mister é muito importante e ajuda-nos muito. A nível pessoal, posso dizer que o que tenho feito dentro do campo é com a ajuda dele.
Que aspetos do jogo é que está a melhorar e a evoluir em relação à época passada?
Estou melhor ao nível da agressividade no último terço do campo, na definição das jogadas, na finalização e a defender também. Penso que estou a conseguir melhorar todos os dias, com a ajuda do mister, como disse anteriormente. Estou feliz com os resultados desse trabalho, mas quero evoluir ainda mais para ajudar a equipa.
Na época passada, foi contratado depois da saída de um jogador que estava a ter grande preponderância no F. C. Porto e no campeonato. Acha que está a conseguir fazer esquecer Luis Díaz?
O Luis Díaz é um grande jogador, como toda a gente sabe. A única coisa em que penso é em trabalhar em cada dia e em cada treino, em fazer o que o treinador pede. Os aspetos individuais vêm depois.
Já marcou 10 golos na presente época. Tem alguma meta estabelecida? Chegar aos 20 golos, por exemplo?
Não. Eu não penso nisso. Quero é ajudar a equipa a ganhar.
Galeno chegou ao Dragão em 2016, para a equipa B. Rodou por empréstimo no Portimonense e no Rio Ave, antes de ser contratado pelo Braga, a troco de 3,5 milhões de euros. Após duas épocas e meia de bom nível no clube minhoto, o regresso à Invicta consumou-se há um ano, num elevado investimento da SAD portista (9 milhões). Na segunda metade de 2021/22, ajudou os dragões a conquistar a Liga e a Taça de Portugal