Alejandro Grimaldo, antigo jogador do Benfica, recordou o momento em que chegou à Luz, da adaptação, dos treinadores, da dimensão dos festejos do Marquês e até da exigência dos adeptos, que lhe chegaram a pintar a casa, mas dos quais gosta muito: "São fantásticos".
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Alejandro Grimado participou no podcast "After de Post United" e entre vários temas durante a conversa recordou o momento em que se transferiu para o Benfica e abordou todo o trajeto pelos encarnados.
"Passei de estar numa equipa e não lutar por nada a nível de títulos e a ir para o Benfica, onde estavas obrigado a ganhar o campeonato, Taça de Portugal, fazer uma boa Champions. Era um salto grande e cheguei a meio da época. A equipa estava formada, mas adaptei-me rápido, deram-me tempo para conhecer o clube. Na época seguinte já comecei a jogar a titular", começou por dizer, antes de falar da exigência dos adeptos.
"Estás numa equipa que luta por títulos e quando cheguei ganhavam os jogos todos. Ganhámos a Liga, a Taça. Se o sistema está a funcionar, não o mudas. É o que se diz. E precisava de um período de adaptação. O Benfica é incrível, mas os adeptos apoiam-te até à morte, mas tens de render. Para um rapaz de 19 anos chegar ali e saber que ou rendes ou fazem-te uma cruz", referiu, recordando, mais à frente, um episódio em concreto.
"Lembro-me de me terem pintado a parede da minha casa depois de uma derrota. Queriam matar-me: 'Escreveram "filho da p***" e puseram uma cara como se me fossem liquidar [risos]. Um dia mandaram uma pedrada ao autocarro e deixaram um colega meu com um monte de cortes na cara. Mas eles são fantásticos: só aconteceu uma vez e gosto muito deles [risos]. Mas não me pintem a casa", acrescentou
O lateral esquerdo, de 30 anos, contou ainda como foi a adaptação ao um novo país e a uma língua nova: ""O bom é que os portugueses quando falámos entendem-nos. A verdade é que falei sempre espanhol e entendiam-me. No princípio não os entendia, mas aos poucos fui aprendendo e percebendo o que falavam. Mas a verdade é que também havia vários argentinos, estavam Salvio, Lisandro Martínez, Gaitán. O Jonas que esteve no Valencia. Havia muita gente que falava espanhol".
Já as celebrações dos campeonatos são recordadas de forma especial: "No Benfica vamos ao Marquês de Pombal. No primeiro ano que fui lá... Incrível, estava cheio. Nunca tinha visto tanta gente no mesmo sítio na minha vida. Foi algo impactante. Tenho mil vídeos desse momento".
No ano seguinte acabou por ser eliminado na Champions pelo Manchester United de José Mourinho e perdeu o campeonato para o F. C. Porto. Um cenário que após anos teve um desfecho interessante: "Como tudo muda [risos}. Mourinho foi treinador do F. C. Porto, foi com o United ao Estádio da Luz. Imagina a situação. Mas agora treina o Benfica e tudo isto muda muito rápido. As pessoas querem é que a equipa ganhe", atirou, explicando ainda que os clássicos contra os dragões "são muito quentes".
"Não podes perder. Se não ganhas, não podes sair de casa [risos]. É bonito porque notas essa tensão e também desfrutas. Mas vive-se a fogo", lembrou.
As memórias de Lage e Jesus
Em 2018/19, depois de um início complicado para a equipa, eis que chega à equipa um novo técnico que tudo mudou e conseguiu conduzir o plantel a uma incrível reviravolta no campeonato: "A equipa começou a funcionar muito bem. O Bruno [Lage] sempre me deu muita confiança. Eu sou um jogador que sabem ler bem o jogo e se me dás um pouco dessa liberdade, começo a criar muitas situações de perigo. O Bruno entendeu assim e comecei a marcar golos, a fazer assistências e foi uma temporada incrível. Consegumos ganhar a Liga", disse.
Já Jorge Jesus também teve uma passagem importante na carreira do internacional espanhol: "É um treinador que exige muito, trabalha muito a tática. De fora parece que dá medo, mas é muito próximo e engraçado. Quando estive com ele gostei muito, aprendi muito e fez muito bem à minha carreira".
Por fim, após uma conversa em que muito se falou das qualidades dos plánteis, do impacto que tiveram, por exemplo, jogadorres como Félix ou Renato Sanches, Grimaldo partilhou alguns detalhes sobre a última época, antes de sair a custo zero para o Bayer Leverkusen.
"Quando começamos a nova temporada foi com um novo treinador. Eu não sabia como seria, porque quando entras no último ano e não renovas, nunca sabes se vai jogar ou não. Mas o treinador disse que estivesse concentrado que ia jogar. Deu-me toda a confiança e foi um ano incrível. Houve conversas com o Benfica para renovar, nunca cederam e no fim decidi sair", rematou.