Jogador do Sporting da Cruz marcou um grande golo no Campo do Outeiro, o último recinto pelado no Porto. A "vítima" foi o guarda-redes da Escola de Futebol 115.
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Aos 30 anos, o guarda-redes André Sousa entrou no restrito lote de jogadores da sua posição que tem um golo no currículo. O jogador do Sporting da Cruz, clube na 2.ª Divisão da Associação de Futebol do Porto, apontou o tento que valeu a vitória (2-1) à sua equipa, no duelo com a Escola de Futebol 115, do passado fim de semana, num tiro de baliza a baliza, que apesar "de não ter sido intencional", teve uma boa dose de estratégia.
"Tinha dito ao meu colega do ataque que o central adversário estava sempre a deixar a bola bater, e que isso dificultava o guarda-redes. Para tentar desequilibrar consegui um bom chuto, a bola bateu à frente do guarda-redes, passou-lhe por cima, e entrou na baliza", descreveu André Sousa, ao JN. O golo foi marcado no Campo do Outeiro, o único pelado da cidade do Porto.
O jogador do Sp. Cruz confessou que foi o primeiro golo que marcou na qualidade de guarda-redes e, apesar da "satisfação pelo feito", ressalvou algo mais importante: "Fiquei ainda mais contente com uma defesa, quase aos 90 minutos, que segurou a vitória".
André Sousa considerou que nestes momentos "é preciso não perder a humildade" e que no final do desafio teve uma palavra de conforto com o guarda-redes adversário. "Dei-lhe os parabéns, porque também teve boas defesas. Sofrer um golo destes acontece e desejei-lhe felicidades".
Mas esta não é a primeira vez que um guarda-redes do Sp. Cruz marca um golo. "Há alguns anos o Luís [Silva] também marcou, mas de cabeça. Devemos ser dos poucos clubes que têm dois guarda-redes a marcar golos", partilhou orgulhoso.
O tento, que foi dedicado à namorada, à mãe e a um primo que, por coincidência, foi assistir ao jogo, redobra a ambição deste guarda-redes, que ainda quer dar o salto e jogar num escalão superior, onde possa "ganhar algum dinheiro com o futebol".
Confesso adepto do F. C. Porto, André Sousa tem dois guarda-redes dos dragões como ídolos. "Cresci com os êxitos do Baía na baliza do F. C. Porto, e agora sinto que o Diogo é um sucessor à altura. A forma como se afirmaram é uma inspiração. Gostava que me assinassem esta reportagem que vai sair no JN", disse o guarda-redes do Sp. Cruz, que trabalha como embalador num emprego de turnos exigentes. "Às vezes começo a trabalhar à meia-noite e tenho de pedir para sair do treino mais cedo, para poder jantar antes do trabalho. É cansativo, mas a minha paixão pelo futebol compensa o sacrifício", disse o guarda-redes, que pretende tirar um curso de treinador para acautelar o futuro no futebol.