O Estádio do Dragão abriu, esta segunda-feira, para uma última homenagem do F. C. Porto a Pinto da Costa, cuja urna foi recebida com comoção por milhares de adeptos, após a missa, na igreja das Antas. Já por volta das 15.50 horas, o carro fúnebre chegou ao Cemitério do Prado do Repouso, onde o corpo será cremado.
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Cerca das 13.20 horas, os restos mortais entraram no relvado do recinto para o ponto mais alto de um cortejo fúnebre pleno de aplausos, cânticos e lágrimas da multidão, que se tinha iniciado após uma missa celebrada perante múltiplas personalidades na Igreja das Antas.
À medida que o carro funerário ia descendo a Alameda das Antas, ponto de ligação entre a igreja e o estádio, a multidão acelerava o passo em direção ao Estádio do Dragão, onde outros milhares já se reuniam desde que, às 10.45 horas, o F. C. Porto confirmou a passagem da urna pelo relvado, tendo aberto portas na bancada central poente e nos topos norte e sul.
A homenagem ainda demorou algum tempo a começar, mas as palavras introdutórias do speaker do recinto prenunciariam o fim do silêncio na plateia e a chegada em ovação do caixão, coberto por uma bandeira do F. C. Porto e transportado a partir do túnel de acesso aos balneários, sob a proximidade de familiares e do cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal e amigo do antigo líder portista.
A expressão “o presidente dos presidentes”, cunhada pelo sucessor André Villas-Boas, predominava nos dois ecrãs do recinto e servia de pano de fundo na bancada nascente, a única sem público, enquanto a urna ia repousando durante quase cinco minutos junto aos principais troféus nacionais e internacionais vencidos pelo F. C. Porto com Pinto da Costa.
Ausente no funeral, por respeito ao pedido feito em vida pelo seu antecessor, Villas-Boas assistiu à homenagem no estádio, tal como os futebolistas da equipa principal, cumprindo um minuto de silêncio - quebrado pelos ininterruptos cânticos da claque Super Dragões - e outro com prolongados aplausos.
No final do hino do F. C. Porto, a urna aproximou-se da bancada sul, reservada aos Super Dragões, com diversos adeptos a chegarem até perto do relvado para um último adeus carregado de emoção e pirotecnia, que cobriu o relvado com uma névoa azul e branca.
Os restos mortais de Pinto da Costa permaneceram no relvado cerca de 10 minutos, mas parte da multidão viria a seguir o carro funerário que chegou ao Cemitério do Prado do Repouso, na freguesia portuense do Bonfim, por volta das 15.50 horas, debaixo, uma vez mais, de vários cânticos dos adeptos. Neste local, o corpo será cremado em cerimónia reservada à família.
Antes da derradeira homenagem do F. C. Porto, o estádio já estava envolvido por faixas e panos gigantes das claques do clube, bem como milhares de mensagens escritas, coroas de flores, velas, cachecóis, bandeiras e camisolas, sendo transformado desde a noite de sábado num memorial em honra do ex-dirigente, que morreu aos 87 anos, e tornou-se o dirigente mais titulado e antigo do futebol mundial à frente dos dragões, de 1982 a 2024.
Pinto da Costa tinha sido diagnosticado com um cancro na próstata em setembro de 2021 e agravou o seu estado de saúde nas últimas semanas, menos de um ano depois da derrota para a presidência do clube frente a André Villas-Boas.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito sem oposição como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o F. C. Porto à conquista de 2.591 títulos - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.