Clube francês desceu desportivamente à segunda divisão mas a situação pode piorar com a queda no terceiro escalão
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O histórico Bordéus, seis vezes vencedor do campeonato francês, está a viver um dos momentos mais difíceis dos 140 anos de existência, envolto numa crise desportiva e financeira que ameaça, inclusive, a sobrevivência. Esta semana, enquanto os adeptos choravam a descida à Ligue 2 gaulesa, algo que não acontecia desde 1992, a crise foi agudizada com uma decisão administrativa, que relegou os girondinos para o terceiro escalão do futebol francês, por, alegadamente, não reunirem pressupostos financeiros.
De acordo com a Direção Nacional de Controlo e Gestão (DNCG), entidade que supervisiona a situação financeira dos emblemas do país, o Bordéus tem dívidas de quase 70 milhões de euros, e para poder inscrever a equipa em 2022/23 no Ligue 2 precisa de liquidar boa parte desses compromissos.
O empresário hispânico-luxemburguês Gérard Lopez, que detém outros clubes europeus, nomeadamente o Boavista, em Portugal, recorreu da decisão DNCG, e acredita que ainda poderá inverter a descida ao terceiro escalão, injetando 10 milhões de euros em investimento próprio e realizando, a breve trecho, 30 milhões em vendas de jogadores do atual plantel.
Se a arquitetura financeira desenhada por López não convencer a DNCG, e o clube for, de facto, despromovido aos escalões inferiores, a própria sobrevivência do Bordéus, na forma atual, pode estar em causa, uma vez que o clube pode entrar em falência por incapacidade de pagar aos credores, alguns deles de fundos norte-americanos.
O clube do sudoeste francês, que tem mais de 20 troféus no palmarés e competiu regularmente nas competições europeias, onde em 2009/10 chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões, foi vendido, no ano passado, a Gérard Lopez, por uma verba de 80 milhões de euros. No plantel que foi agora despromovido figuram atletas bem conhecidos do campeonato português, como o brasileiro Fransérgio, o moçambicano Mexer, o luso Ricardo Mangas, ou o hondurenho Alberth Elis, que estava emprestado pelo Boavista, e pelo qual o Bordéus anunciou, recentemente, a aquisição do passe, em definitivo, por 7.5 milhões de euros, mas que, segundo a imprensa francesa, o pode revender para outras paragens por um valor bastante superior.
As próximas semanas serão decisivas para a história do Bordéus, tendo o clube comunicado que está "confiante na capacidade em demonstrar um projeto sólido para 2022/23 para competir na Ligue 2".