Natural do Porto, Ângelo André Ferreira Girão conquistou, este ano, os títulos europeu de clubes e mundial de seleções, sempre com papel determinante. Nada mau para quem chegou a equacionar deixar o hóquei em patins.
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O Sporting e a seleção agradecem o facto de ter recuado perante essa ideia. E recuar é algo que não está, definitivamente, no ADN deste guarda-redes, de 29 anos, que se tornou herói nacional, sobretudo pela prestação na final do Mundial disputado em Barcelona.
Durante o jogo corrido contra a Argentina, Ângelo Girão, ou simplesmente André, para aqueles que lhe são mais próximos, travou cinco bolas paradas e, na decisão dos penáltis, só foi batido por Nicolia, permitindo, com o talento natural, que Portugal festejasse o título.
"Vou cometer uma inconfidência e ele não vai gostar muito, mas pouco me importa. Ele não é um gajo de muito trabalho", confessa, ao JN, o treinador do Sporting e amigo de longa data do guarda-redes, Paulo Freitas, prosseguindo, depois, sobre a vocação de Girão para os lances de bola parada: "Ele é muito forte no livre direto, mas ainda tem algum caminho a percorrer nos penáltis. Ele não gosta muito de trabalhar o penálti, sabe que a bola aleija..."
Começou à frente
Apesar disso, sempre mostrou uma grande atração pela baliza, mesmo quando, no início de carreira, o tentaram "desviar" para o ataque. "Ele patinava bem e marcava muitos golos. Por isso, no Estrela e Vigorosa, queriam que jogasse à frente, mas ele dizia que queria ser igual ao irmão", conta-nos Ângelo Girão, o pai do jogador do Sporting, que deu o mesmo nome aos dois filhos - o mais velho encerrou a carreira aos 26 anos. Mais tarde veio uma filha, Ana, que também é hoquista e guarda-redes.
Já na baliza, rumou ao F. C. Porto e fez lá quase toda a formação, até que, em 2006/07, foi pouco utilizado e equacionou deixar o hóquei. Amigos e família demoveram-no e Girão foi jogar para o Gulpilhares. Seguiu-se Académica de Espinho e Valongo até chegar ao Sporting, onde é treinado por Paulo Freitas, que vê nele "o melhor guarda-redes de todos os tempos". "Ele sabe que, agora, a responsabilidade aumentou", conta o técnico, concluindo com uma particularidade: "Nas concentrações fica com a mosca se lhe tiramos o pão, mas tem de ser. Por ele estava o dia todo a comer pão". Será esse o segredo?
LUCRO
Título mundial dá prémio de quatro mil euros
A conquista do Mundial de hóquei em patins encheu de orgulho a nação e os jogadores serão premiados pelo feito alcançado em Barcelona. De acordo com o que apurou o JN, cada um dos mais recentes heróis nacionais vai receber um valor monetário de quatro mil euros. Para o comum dos portugueses essa é uma verba avultada, mas a verdade é que as grandes conquistas de outros desportistas lusitanos foram recompensadas com valores muito mais elevados.
Recentemente completaram-se três anos da conquista do Euro 2016, em futebol, por Cristiano Ronaldo e companhia. Esse primeiro título sénior da história do desporto-rei português rendeu um extra de 250 mil euros a cada um dos convocados por Fernando Santos. Ou seja, 62 vezes mais do que aquilo que encaixam os campeões do Mundo de hóquei.
Dois anos volvidos, mas ainda na arte do pontapé da bola, embora na variante futsal, Portugal também se sagrou campeão europeu, no caso na Eslovénia, o que garantiu 20 mil euros a cada jogador. Já nos Jogos Olímpicos do Rio, o bronze de Telma Monteiro foi "pago" com 17,5 mil euros.