Depois de ter levado o AC Milan à glória, Silvio Berlusconi lidera o Monza, que, na próxima época, se estreia na Serie A.
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Um ano depois de ter fechado o ciclo glorioso no AC Milan, Silvio Berlusconi não resistiu à tentação. Era 2018 e o Monza estava condenado, sem dinheiro nem quaisquer ambições desportivas.
Ainda por cima, era o clube de Adriano Galliani. Rico para lá da razoabilidade, o ex-primeiro-ministro italiano nem pestanejou com o apelo do amigo e braço direito, pagou três milhões de euros (uma migalha numa fortuna estimada em oito mil milhões) e fez-se dono do pequeno e apagado Monza, que passou todos os mais de 100 anos de existência nos escalões inferiores do futebol italiano. Na altura, tentava sobreviver na Serie C.
Com Berlusconi na presidência, entre 1986 e 2017, o AC Milan viveu o período mais vitorioso da história (entre as conquistas, contam-se cinco Ligas dos Campeões e oito campeonatos), só que a relação acabou mal e com os "rossoneri" em dificuldades, dentro e fora do campo. Aos 82 anos, "Il Cavaliere" também queria mostrar que ainda tinha o toque de Midas. E o Monza agradeceu.
Galliani, levado pelo desejo de ajudar o clube da terra, assumiu a gestão do projeto. As instalações foram melhoradas, o plantel foi sendo reforçado (o português Dany Mota foi contratado em 2020/21) e a ambição apareceu. Monza, que fica a uns 20 quilómetros de Milão, já não estava amorfa e não era conhecida apenas pelas corridas de Fórmula 1. A promoção à Serie B consumou-se em 2020, apressada pelo surgimento da covid-19, e dois anos depois foi concretizado o primeiro grande objetivo do plano de Berlusconi, num play-off angustiante com o Pisa (4-3).
Ambição desmedida
A subida à elite do Calcio é o ponto mais alto da história centenária do Monza, mas, no que depender de Sílvio Berlusconi, não o será por muito mais tempo. Levado pela euforia do momento ou não, certo é que o magnata aproveitou o feito para elevar ainda mais a fasquia.
"No próximo ano, queremos lutar pelo "scudetto" e depois queremos jogar na Liga dos Campeões", disse o proprietário do clube, garantindo que continuará a investir somas ainda mais consideráveis para tornar esses desejos possíveis. O sorriso pode fazer da afirmação uma simples piada de circunstância, mas com Berlusconi nunca se sabe. Sem surpresa, vários nomes sonantes já estão a ser apontados à equipa "biancorossi".
E se, estando no segundo escalão, conseguiu convencer gente como Prince Boateng e Mario Balotelli, não estranharia que agora, na Serie A, outros seguissem o mesmo caminho.