Se a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) desejasse despedir, com direito a indemnização, o seleccionador nacional, por certo a instituição iria, no imediato, à falência. Isto porque os mais de três milhões a que Carlos Queiroz teria direito ultrapassam largamente os 97.522 euros que a FPF prevê de lucro no Exercício de 2009/10.
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Como na vida pessoal, evitam-se muitos problemas quando o divórcio é por mútuo acordo... No caso FPF/Queiroz, uma solução pacífica seria o ideal para os cofres. É que, além de ter de pagar os salários, na íntegra, até ao final do contrato (2012), o treinador teria direito a auferir os prémios decorrentes de uma eventual qualificação para a fase final do Euro 2012, de uma chegada à final da prova ou mesmo da conquista do título europeu.
Recorde-se que as contas do Orçamento 2009/10 da FPF, acusam uma previsão de proveitos no valor de 33,288 milhões de euros, enquanto os gastos se cifram em 33,190 milhões.
Este relatório, aliás, reflecte uma contracção orçamental em relação ao de 2008/09, que apresentou previsão de 36,733 milhões de euros nos proveitos e de 36,624 nas despesas.
É evidente que as contas relacionadas com a participação da selecção nacional no Mundial da África do Sul ainda estão por fazer, de uma forma oficial. Porém, desde já se sabe que Portugal saboreou um bolo financeiro na ordem dos sete milhões de euros, por ter disputado os oitavos-de-final da competição da África do Sul. O problema é que parte dessa quantia é destinada a distribuir, na forma de prémios, a jogadores e treinadores. Só à sua conta, o ainda seleccionador Carlos Queiroz recebe dez por cento desse valor, o equivalente a, aproximadamente, 710 mil euros. Bem feitas as contas, pensar numa rescisão unilateral é algo, face à conjuntura actual, inadmissível, já que originaria um verdadeiro colapso financeiro da FPF - a falência total do organismo liderado por Gilberto Madail.
Solução inviável
Como conclusão, importa, portanto, registar que a contratação de um novo seleccionador com indemnização ao actual obrigaria a Direcção federativa a ter uma avultada despesa suplementar, que afectaria ainda mais as suas depauperadas finanças.