Infesta teve de se adaptar à realidade de não depender de Manuel Ramos, presidente que liderou o clube 39 anos.
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Três anos passaram desde que Manuel Ramos faleceu e o histórico presidente, que liderou o Infesta 39 anos, continua a ser lembrado em tudo o que diz respeito ao clube. O dirigente deixou uma marca que a história dificilmente conseguirá apagar do emblema de São Mamede de Infesta, que atualmente vive com menos recursos financeiros, mas com a honradez e a seriedade que o tornam acarinhado e respeitado por todos.
O desaparecimento de Manuel Ramos quase levou o Infesta à extinção. A herança pesada fez com que não surgisse nenhum candidato à presidência em quatro assembleias-gerais. A solução passou por criar uma Comissão Administrativa (CA). "A história do Infesta divide--se em três fases: até 1974, era um clube pobre e honrado; de 1974 até 2013, sob a presidência de Manuel Ramos, desenvolveu-se de forma ímpar em todos os domínios; desde 2013 teve de se adaptar à realidade de não depender de um mecenas", explica Jorge Amaro, um dos sete elementos da CA que gere os destinos do emblema matosinhense.
Prestes a assinalar duas décadas como dirigente do Infesta, Jorge Amaro considera que os "próximos dois anos serão determinantes" para o futuro do clube. "Há um estudo da Câmara Municipal de Matosinhos para revitalizar o Estádio Moreira Marques. É imperioso voltarmos para a nossa casa, porque além da perda de sócios também não temos as condições ideias para o público assistir aos jogos", realça Jorge Amaro. Atualmente, o Infesta treina e joga no Parque de Jogos Manuel Ramos, localizado nos terrenos da família do antigo presidente e que foi cedido ao Infesta até 2021.
"Temos a ambição de colocar o Infesta na Divisão d"Elite. Vamos tentar intrometer-nos na luta pelos primeiros quatro lugares", promete Jorge Amaro. "Queremos vencer dentro de campo, mas o nosso principal título é não devermos nada a ninguém. Manuel Ramos deve estar orgulhoso do Infesta", conclui, com um brilho no olhar, Jorge Amaro.
Aposta na formação
A cumprir a terceira época no comando do Infesta, clube em que terminou a carreira de jogador, Jorginho não esconde a ambição de colocar os mamedenses num escalão superior. "É um clube especial, com pessoas fantásticas, mas bem diferente do antigamente, pois tem menos recursos financeiros. Contudo, temos feito um trabalho muito positivo e, embora só nos tenham pedido a permanência, ambicionamos lutar pelos lugares cimeiros", realça o treinador, de 39 anos, considerando que "o Infesta é das equipas que melhor futebol pratica" na Divisão de Honra. "Temos sete jogadores formados no clube e seis juniores a jogar na equipa principal. A formação é e tem de ser a principal aposta do Infesta", realça Jorginho, que não esconde o "desejo" de ser treinador profissional. "A equipa mostra qualidade de jogo e sinto que tenho condições para lá chegar, mas, para já, só penso no Infesta", garante.
A figura
Vitinha já faz parte da história do Infesta. O médio, de 39 anos, cumpre a 16.ª época consecutiva no clube pelo qual se apaixonou. "É fácil gostar do Infesta. As pessoas são sérias e vive-se um ambiente familiar", realça o capitão, que joga por "amor à camisola". "O clube desinvestiu e não tem os argumentos de antigamente. No entanto, não somos inferiores aos nossos adversários. Estamos a ganhar jogos com qualidade e no bom caminho", considera o médio.
Passe curto
Fundação: 01-08-1934
Local de jogos: Parque de Jogos Manuel Ramos
Sócios: 500
Equipamento: Camisola azul e branca, calção e meias azuis
Palmarés: Vencedor da Série B da 3.ª Divisão Nacional, em 1988/89. Campeão da Divisão de Honra da A. F. Porto, em 1983/84 e 2010/11. Campeão Distrital da 2.ª Divisão, em 1948/49. Campeão Distrital da 3.ª Divisão, em 1939/40, 1956/57 e 1973/74.???????
Passe longo
???????Manuel Ramos deixou uma herança pesada no Infesta. O clube teve de passar a viver com muito menos recursos, mas continua a ter no compromisso e honradez a palavra de ordem. Com cerca de 600 atletas em atividade, o Infesta tem na formação a grande aposta e a ambição de colocar a equipa sénior no principal escalão do Distrital portuense. Um objetivo legítimo.