Jan Bakelants esperou cinco anos para passar de esperança a certeza na Volta a França
O ciclista belga Jan Bakelants (RadioShack) superou os problemas nos joelhos e uma perseguição feroz de Peter Sagan para viver o dia mais bonito da carreira, com direito a vitória de etapa e camisola amarela na Volta a França.
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"É o dia mais bonito da minha vida de ciclista. Tenho dificuldade em acreditar nisto depois de todos os problemas que tive este ano e nos anos anteriores", disse, emocionado, o vencedor da segunda etapa da 100.ª edição do Tour.
O final duro, mas rápido, serviu na perfeição ao ciclista da RadioShack, que resistiu a uma perseguição final da Cannondale, que queria entregar a corrida a Peter Sagan, para conquistar a sua primeira vitória na prova francesa.
O eslovaco teve de contentar-se com o segundo lugar, apenas a um segundo do novo líder, que cumpriu o percurso em 3:43.11 horas, mesmo em frente a um pelotão onde seguiam o português Rui Costa (Movistar) e os principais favoritos.
Num dia em que as equipas francesas tentaram o protagonismo, colocando repetidamente homens em fugas, como Pierre Roland (Europcar), vencedor do prémio da juventude em 2011, o primeiro camisola amarela, Marcel Kittel, assim como Alexander Kristoff (Katusha) e Danny van Poppel (Vacansoleil), segundo e terceiro da geral, não tiveram pernas para acompanhar o pelotão, tal como Sérgio Paulinho, 113.º a 05.39 minutos.
As três contagens de terceira categoria e a de segunda revelaram-se demais para os sprinters e para os primeiros donos das camisolas do Tour que, reunidos num grupeto, foram cedendo mais e mais tempo à medida que a meta, situada em Ajaccio, depois de 156 quilómetros desde Bastia, se aproximava.
A segunda etapa, classificada no livro da prova como de média montanha, era teoricamente favorável aos "puncheurs" (ciclistas "explosivos" em finais duros), facto comprovado pela atenção da Sky, que controlou o pelotão como se a corrida fosse sua - ainda não é, mas os britânicos parecem querer mostrar, desde já, que são os principais candidatos à geral.
Na ascensão final, até à contagem de terceira categoria de Côte du Salario, a formação de Chris Froome impôs o ritmo, destroçou o pelotão e reduziu a discussão a um grupo restrito de corredores, mais vocacionado para terrenos irregulares.
Na sucessão de ataques, ficaram na frente Bakelants, Jakob Fuglsang (Astana), Gorka Izagirre (Euskaltel-Euskadi), Manuele Mori (Lampre), Sylvain Chavanel (Omega Pharma-Quickstep) e Juan Antonio Flecha (Vacansoleil).
"Éramos seis, cooperámos muito bem, mas sabia que no final íamos ficar a olhar uns para os outros e o pelotão ia apanhar-nos. Por isso, decidi acelerar. Nem vi se vinha alguém atrás de mim. Meti a mudança mais elevada e fui. Consegui. Não sei quão apertado foi, mas ganhei", explicou o belga, de 27 anos.
Bakelants está habituado a superar e a superar-se. Este ano, esteve grande parte da época parado devido a uma operação ao joelho e uma posterior inflamação, teve de renunciar ao Critério do Dauphiné, mas recuperou a tempo de merecer um voto de confiança dos responsáveis da RadioShack para fazer parte da restrita elite presente no Tour.
"Tive de esperar cinco anos, mas consegui. E o mais 'porreiro' é que esta é apenas a segunda etapa, o meu Tour está feito. Não temos sprinters, portanto não vamos ganhar cinco, seis etapas. O resultado é muito bom para nós", congratulou-se o homem que ganhou o Tour do Futuro em 2008.