Jardel: "Gyokeres? Seria uma luta entre mim e ele para ver quem seria o melhor marcador"
Antigo avançado do Sporting e do F. C. Porto, o último jogador do campeonato a vencer a Bola de Ouro, analisa o desempenho do jogador sueco dos leões.
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De avançado para avançado, como analisa o Gyokeres?
Vi o primeiro jogo dele contra o Lille, na Liga dos Campeões. É um jogador extraordinário, parecido comigo porque é aquele típico atacante que dá títulos e resultados. Além dos golos, tem muita força, técnica e é um matador. A nível de custo/benefício encaixava em qualquer clube do Mundo.
O que o Gyokeres trouxe ao campeonato português?
Trouxe qualidade. Falo muito com adeptos do Sporting e todos eles são grandes fãs. Tinha muita curiosidade de o ver jogar ao vivo e é, de facto, surpreendente. Acredito que não fique muito mais tempo no Sporting e, sinceramente, até já demora a sair.
Na altura em que jogava era mais fácil, ou mais difícil, marcar este número de golos?
Hoje está mais difícil, há mais contacto, há mais marcação. Não sei se hoje marcava 42 golos, mas eu sempre fui um jogador regular. Se estivesse bem fisicamente e tivesse ao lado jogadores como Quaresma ou João Pinto acredito que marcava muitos.
O que significa para um avançado ser Bota de Ouro?
Jogando em Portugal é uma conquista muito difícil, mas é um orgulho enorme. Sabia que tinha de marcar mais que outros das principais ligas, então tive de treinar mais. Isto mostra que o Gyokeres tem muito mérito em fazer o campeonato que está a fazer, é mais do que merecido.
O Gyokeres não marcou nenhum golo de cabeça no campeonato. O Jardel era conhecido pelo jogo aéreo, que conselhos daria ao sueco?
Eu já nasci com essa habilidade e tinha capacidade física para isso, toda a gente sabia que eu no ar fazia golos. O Gyokeres tem de treinar mais a finalização de cabeça, insistir nisso e, certamente, conseguirá melhorar esse registo. Mas no Sporting parece-me que aquilo que pretendem dele é diferente do que pretendiam de mim, fazem-lhe a bola chegar mais pelo chão e procuram-no na profundidade.
Se o Gyokeres jogasse no seu tempo, era melhor? E se o Jardel jogasse agora, era melhor?
São tempos diferentes. O futebol agora é mais físico, corre-se mais e tem de se ser muito completo, sobretudo como avançado. Eu preocupava-me apenas em treinar muito a finalização, era a grande parte do meu treino. O Gyokeres tem coisas que eu não tinha, mas seria uma luta para ver quem era o melhor marcador. Certo é que ele ia fazer muitos golos e eu também marcaria muitos agora.