Das noitadas no Porto às discotecas lisboetas, os episódios de indisciplina continuam a marcar o futebol nacional, entre reincidentes, castigos exemplares e casos que escapam impunes.
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Já lá vão os tempos em que os treinadores adjuntos tinham de ficar acordados à procura dos jogadores que preferiam ir divertir-se em vez de descansarem. Nessa altura, já a punição era dura e chegavam a ser banidos dos jogos, mas sem o mediatismo de hoje em dia. Agora, os casos são mais esporádicos, mas acontecem na mesma com a informação a chegar pela via dos adeptos, que acabam por partilhar, nas redes sociais, as saídas dos jogadores, que não respeitam o regulamento interno dos clubes.
No F. C. Porto, as festas de aniversário estão na moda, algo que Martín Anselmi provavelmente desconhecia. Na mais recente polémica, Otávio Ataíde fez 23 anos, organizou uma festa e alguns jogadores ficaram após a hora de recolher obrigatória estipulada internamente pelo clube (23 horas). Além do aniversariante, pelo menos William Gomes e Tiago Djaló ficaram no estabelecimento até de madrugada, sendo que o caso de Tiago Djaló já é reincidente e até pode ser dispensado.
Para celebrar a entrada em 2025, o defesa-central cedido pela Juventus viajou para Madrid, onde passou a madrugada do primeiro dia do ano numa discoteca da capital espanhola, comparecendo ao treino marcado para esse mesmo dia no Olival, às 10.30 horas. Já Martim Fernandes, que também participou na festa de aniversário, alega ter regressado a casa pouco depois da meia-noite. Entretanto, Samu e Namaso também foram punidos disciplinarmente por causa da festa de Otávio.
Desde novembro de 2019 que o clube portista não vivia um caso similar, pelo menos que tenha sido do conhecimento público. Na altura, a aniversariante foi a mulher de Uribe, com Marchesín, Saravia e Luis Díaz a ficaram sob alçada disciplinar do clube e fora do dérbi com o Boavista, devido a uma saída noturna. Quem fez a denúncia foi o líder da claque Super Dragões, Fernando Madureira, agora detido, a noticiar que os jogadores estavam castigados e a manifestar apoio total a Sérgio Conceição por afastá-los da partida.
Os vídeos e as fotos tiradas da celebração sul-americana não deixavam margem de dúvidas. O então técnico dos dragões, Sérgio Conceição, não hesitou em afastar os jogadores, indo ao encontro do descontentamento da massa associativa. Os quatro jogadores foram punidos com um jogo num dérbi em que os dragões ganharam pela margem mínima.
Mas há mais: Éder Militão, defesa central transferido para o Real Madrid, também foi apanhado numa noitada na era Conceição e ficou de fora de um jogo, frente ao Tondela. O caso teve a intervenção de Pinto da Costa, sendo o brasileiro apanhado na festa de aniversário do ex-jogador da equipa B, Luizão, que fazia 21 anos, estando na discoteca até perto das cinco horas da manhã.
No entanto, não é só nos dragões que se instaura a polémica. No Sporting, em novembro do ano passado, Gyokeres, atual melhor marcador do campeonato, foi filmado a fumar shisha num espaço de noite lisboeta acompanhado por mais jogadores, caos de Hjulmand, Edwards, Franco Israel e Diogo Pinto. O avançado sueco não negou as acusações e até aligeirou a situação: "É mais perigoso encontrarem-me em campo".
Em época da covid-19, em 2021, João Pedro e David Sualehe, jogadores do Paços de Ferreira, participaram numa festa ilegal em Esposende, sendo multados pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol por valores a rondar os 400 euros por colocarem em perigo a saúde dos colegas de equipa por causa de possíveis contágios.
Noutros tempos, os jogadores sul-americanos eram frequentemente associados à qualidade, mas também às saídas noturnas, como foram os casos de Ronaldinho e Maradona. Por cá, quando Iuran representava o F. C. Porto também foi apanhado fora de horas e envolveu-se num acidente automóvel mortal para um taxista, na avenida da Boavista, na década de 1990. No mesmo período, Cherbakov, na altura uma jovem promessa do Sporting, ficou paraplégico após não respeitar um sinal vermelho na avenida da Liberdade, em Lisboa, quando conduzia de madrugada.
No Benfica, no início do século, Petit e Miguel também foram multados por causa de uma saída noturna que violou o regulamento interno do clube. Ambos foram vistos numa discoteca em Lisboa, após um jogo com o Belenenses, e tiveram de pagar uma multa que correspondeu a 1% do salário anual ilíquido de cada um deles.