A repercussão da entrevista de Dele Alli ao ex-jogador Gary Neville trouxe à tona uma das grandes preocupações dos clubes em Inglaterra. O jogador do Everton anunciou ter sofrido com uma dependência de medicamentos para dormir na última época, enquanto defendia o Besiktas, da Turquia.
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“Causa-me medo falar sobre isso. Quando voltei da Turquia e me apercebi que precisava de ser operado, estava muito mal mentalmente e decidi ir a um centro de reabilitação de saúde mental. Eles tratam vícios e traumas. Senti que era o meu momento. Não te podem dizer para ires, tens de sabê-lo e tomar a tua própria decisão, caso contrário não funcionará”, afirmou Dele Alli. O internacional inglês, porém, está longe de ser o único afligido pela condição.
De acordo com o "Daily Mail", equipas da Liga inglesa e da Segunda liga garantiram que muitos jogadores de seus clubes desenvolveram dependência em remédios para dormir, sendo a Zopiclona o que mais preocupa, devido às reações que pode causar.
A zopiclona é uma medicação de carácter hipnótico utilizada para indução ou manutenção do sono que, em alguns casos, pode causar dependência, irritabilidade, pesadelos, sonambulismo, perda de libido, confusão, alucinações, náusea, amnésia anterógrada, entre outros.
Os clubes estariam atentos para os possíveis problemas que tais dependências podem causar e, por isso, buscam melhorar os esforços para cuidar da saúde mental dos jogadores. O entendimento é que o contexto familiar e a constante pressão para o alto nível de rendimento exigido pela atividade profissional são os principais fatores que levam a tal dependência.
No caso de Dele Alli, o jogador chegou a afirmar que considerou até mesmo a retirada do futebol, mesmo com pouca idade, devido a problemas psicológicos. “Levantei-me numa manhã em que tinha de ir treinar. Lembro-me que me olhei ao espelho e perguntei-me se me podia retirar já. Aos 24 anos, enquanto fazia o que gostava. Foi de partir o coração. Sempre fui eu que estive contra mim em tudo”, afirmou o jogador que tem hoje 27 anos.
A discussão a respeito da saúde mental no desporto está em alta. Simone Biles, ginasta americana das mais talentosas de sempre, desistiu de competir em quase todas as modalidades durante as Olimpíadas de Tóquio 2020 por não sentir-se apta devido a saúde mental. A tenista japonesa Naomi Osaka abandonou o Grand Slam de Roland Garros em 2021 pelo mesmo motivo. O basquetebolista Ben Simmons, que joga pelos Brooklyn Nets da NBA, ficou toda a época de 2021/22 sem atuar por alegar não estar bem mentalmente.