O ex-treinador do Sporting assume que "não deveria ter aceitado jogar" a final da Taça de Portugal e afirma que, depois das agressões no balneário leonino, nunca mais conseguiu entrar na Academia. Por isso, compreende que alguns jogadores tenham rescindido o contrato com o clube.
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Jorge Jesus deixou, entretanto, o Sporting e, agora, serve as cores do Al Hilal, da Arábia Saudita, mas ainda tem bem presente na memória os ataques de Alcochete.
"Foram momentos difíceis. Ninguém tem a noção do que se passou. Parecia um filme de terror... Tochas nos balneário, ameaças em alto e bom som, diziam que nos iam matar... agressões... Não é por acaso que nunca mais consegui entrar na Academia, até pedi ao Márcio e ao Paulinho para trazerem as minhas coisas. Nunca mais lá entrei", revelou o treinador, em entrevista à A Bola TV.
Por tudo o que viu nesse triste episódio na história do Sporting e do futebol português, compreende a posição tomada por alguns jogadores, que rescindiram contrato alegando justa causa. E tudo aconteceu antes do derradeiro desafio oficial da época, a final da Taça de Portugal, que os leões acabaram por perder para o Aves.
"Foram dias muito complicados para os jogadores do Sporting. Reconheço que não deveria ter aceitado jogar aquela final, deveria ter feito tudo para impedir a sua realização, eu e as pessoas que têm responsabilidade no Sporting. A verdade é que não olhei muito para os interesses do Sporting, olhei mais para os interesses do futebol. Achava que não era bom anular aquela final devido ao que se passou na Academia. Tínhamos que mostrar que há quem manda, que as instituições não se intimidam", reconheceu Jesus, prosseguindo, depois, ainda sobre esse jogo no Jamor.
"Quero agradecer publicamente ao presidente da Federação, Fernando Gomes, que teve o cuidado de me ligar várias vezes para saber se eu achava bem que a final se realizasse. Foi, de facto, um dia traumatizante para mim. Perdi finais da Liga Europa mas nenhuma me traumatizou tanto como a final da Taça de Portugal".
Sem sair do tema, deixou alguns elogios a Rui Patrício: "Penso várias vezes naquela final. Sentia-me impotente. Sentia que os jogadores não em ouviam. Que eu não era o mesmo. Emocionalmente foi muito forte. Logo no aquecimento apercebi-me que não tinha equipa. Não podia fazer nada. Tive uma conversa muito bonita com Rui Patrício, um grande profissional. Senti-o muito nervoso, parecia que ia fazer o seu primeiro jogo. Enfim, já passou".