Jorge Jesus foi o convidado especial de Zico, no dia em que o canal que a ex-estrela do Flamengo tem no YouTube celebrou três anos. Na primeira parte da entrevista, o português recordou os tempos de jogador, o início da carreira como treinador e o atual momento no clube carioca.
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A ida para terras de Vera Cruz foi um desafio para o técnico português. "Aquilo que me preocupava era saber que, no Brasil, se o treinador não ganha três ou quatro jogos, vai logo de avião", começou por dizer Jorge Jesus, continuando: "Mas eu acredito no que faço e o meu empresário da altura... era o maior do mundo, o Pini Zahavi. Passei do Jorge Mendes para o Pini Zahavi. Hoje não tenho. Acabei o ano de contrato e não vou ter mais".
E justifica: "Quero estar livre, e quem me arranjar trabalho vai ser o meu empresário. Quando chegas a um patamar já não precisas de empresário, eles procuram-te. O advogado tem que ir sempre".
De volta ao clube que agora orienta e ao futebol canarinho, Jorge Jesus afirmou conhecer "muito bem". "Trabalhei com 170 jogadores brasileiros ao longo da minha carreira. Via muito o campeonato brasileiro no PFC", referiu. E a verdade é que o trabalho do treinador no Brasil tem sido bastante apreciado, com o ex-ídolo do "Fla" a reconhecer que "a estrutura do clube evoluiu nos últimos tempos".
Jorge Jesus anotou que só conheceu o Flamengo "naquilo que é bom". "O mau eu não conheci. As condições para os profissionais vão melhorando a cada dia que passa. E depois de adquires jogadores com talento as coisas tornam-se mais fáceis", salientou.
Estou habituado a preparar os treinos ao final da noite e depois completar de manhã
Viciado no trabalho, o treinador luso anotou que sempre dormiu pouco. "A minha paixão sempre foi o jogo, e isso obriga-te a ter o maior cuidado possível naquilo que estás a fazer. Não podes descurar nada, tens de estar atento a tudo, pois o futebol está sempre a evoluir. Eu não durmo muito. Durmo quatro ou cinco horas, no máximo. Já era assim em Portugal e aqui no Brasil ainda durmo menos, pois às cinco horas já há muita luz. Estou habituado a preparar os treinos ao final da noite e depois completar de manhã", analisou.
O início da carreira como jogador também foi abordado. "Fui inspirado pelo meu pai para ir para o futebol. Ele foi um antigo jogador do Sporting no tempo dos Cinco Violinos, que foi uma grande equipa que ganhou durante muitos anos o campeonato português. Comecei a carreira de jogador na equipa da minha terra, o Estrela da Amadora, até chegar a juvenil. Depois o Sporting veio contratar-me e fui para esse grande clube. Joguei como júnior e sénior no futebol profissional", contou o treinador do Flamengo.
Por seu lado, Zico recordou o pai português e a ligação ao clube de Alvalade. "Eu comecei a ser sportinguista por causa do meu pai. Uma rádio brasileira dava os jogos de Portugal, às 11 horas da manhã, que deviam ser umas 3 horas em Portugal. Ao domingo o meu pai fazia um bacalhau na grelha, no fogareiro. Eu era pequenino, ele colocava-me num banquinho e eu ficava lá a ouvir, enquanto ele fazia o bacalhau", contou o ídolo do "Mengão".
"As raízes portuguesas têm feito sucesso no Flamengo. Tu vais ser sempre o maior da história do Flamengo, filho de português, e agora está a dar certo comigo também, por enquanto", completou Jesus.