Istambul em estado de sítio com novo dérbi intercontinental. “Mind games” do português já mexeram com o Galatasaray.
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José Mourinho já experimentou as maiores rivalidades de Espanha, Inglaterra, Portugal e Itália, viveu-as quase todas até ao limite do aceitável e chegou à conclusão que “nos países latinos são mais intensas”. Mas talvez mude de ideias em breve. Ou melhor, já hoje, a partir das 18 horas, altura em que Istambul ficará em estado de sítio para outro Fenerbahçe-Galatasaray, o dérbi que tem raízes seculares e que esteve quase para morrer à nascença se, no início do século XX, os esforços para unir os dois emblemas com o propósito de criar um clube forte o suficiente para dominar a liga local tivessem sido bem sucedidos. As duas tentativas falharam e o dérbi intercontinental não só veio para ficar como se tornou num dos mais ferverosos e mediáticos do futebol mundial. Intercontinental porque divide Istambul ao meio, literalmente. O “Gala” é da parte europeia da cidade, enquanto o “Fener” pertence ao lado asiático e isso foi, desde sempre, um motivo de antagonismo. O primeiro, digamos. Por outro lado, os dois clubes cresceram ao ponto de se tornarem nos maiores do país e atualmente é essa parte desportiva que mais vai alimentando a rivalidade.
O duelo de hoje - supostamente o número 401 - surge no seguimento de meses especialmente conturbados, não só pela saída de campo do Fenerbahçe, em forma de protesto, ao segundo minuto da Supertaça, mas também pela ingresso de um novo personagem na história: José Mourinho. Sem surpresa, o português já foi aquecendo o confronto nas últimas semanas, primeiro com reparos ao treinador adversário (Okan Buruk), a seguir com críticas a Victor Osimhen, que reforçou o Galatasaray nas últimas horas do mercado: “Não gosto da maneira como se comporta em campo, mergulha demasiado”, atirou. Mauro Icardi, outro craque do ataque do atual campeão, deu troco às insinuações de ‘Mou’ contra Okan Buruk (“entra quatro metros no relvado e não vê cartão, eu passo a linha um metro e sou castigado”): “É interessante ver um treinador com o estatuto de Mourinho falar de uma coisa tão insignificante. Não faria isso se estivesse num grande clube”, reagiu o goleador argentino, de 34 anos.