José Peseiro: "O F. C. Porto foi campeão europeu em 2003/04, mas nós éramos os melhores"

José Peseiro foi adjunto de Carlos Queiróz, em 2003/04, no Real Madrid.
Filipe Amorim / Arquivo Global Imagens
José Peseiro, em longa entrevista ao jornal AS, abordou algumas experiências na carreira e nomes sonantes do mundo do futebol. A Liga dos Campeões de 2003/04, conquistada pelo F. C. Porto, a continuidade de Cristiano Ronaldo na seleção e a ida de João Félix para o Barcelona são alguns dos temas em destaque.
José Peseiro, no comando da seleção nigeriana desde 2022, concedeu uma entrevisa ao jornal espanhol AS, onde falou sobre a sua extensa carreira como treinador. O técnico português, de 63 anos, conta com passagens, principalmente, por Sporting, F. C. Porto, Braga, Vitória de Guimarães, Al Hilal, da Arábia Saudita, e Panathinaikos, da Grécia. Em 2003/04, decidiu assumir funções como adjunto de Carlos Queiróz no Real Madrid.
No entanto, a experiência ao leme dos galáticos não correu como era esperado. Os maus resultados ditaram a saída da equipa técnica lusa, depois de apenas conquistarem uma Supertaça Espanhola. Na visão de Peseiro, a eliminação frente ao Mónaco, nos quartos de final da Liga dos Campeões, edição em que o F. C. Porto se sagrou campeão europeu, pela segunda vez na sua história, foi decisiva para o desfecho dramático da época.
"Depois de perder na Liga dos Campeões, que era um objetivo, a equipa foi-se abaixo. Terminámos o campeonato mal e depois perdemos a Taça do Rei. Nessa temporada, a Liga dos Campeões foi conquistada pelo F. C. Porto e nós tínhamos-lhes ganho por 1-3 [na fase de grupos da competição]. Éramos melhores do que todos. Contra o Mónaco [nos quartos de final], sofremos um acidente que nos matou", começou por referir josé Peseiro.
"Tínhamos 12, 13 ou 14 jogadores e ainda tínhamos o Solari no banco, que contribuiu muito. Tínhamos Beckham e Figo, um jogava na "posição 8" e o outro como extremo, por isso podiam jogar os dois. Se tivéssemos conseguido permanecer na Champions, teríamos mantido a resistência e a força para ganhar também o campeonato. Psicologicamente, foi um impacto muito grande, afetou a equipa para a liga espanhola e acabámos em quarto lugar [atrás de Valência, Barcelona e Deportivo da Corunha]", adiantou ainda.
O treinador luso que, em 1992/93, se estreou num banco de suplentes, no comando do União de Santarém, também foi questionado quanto a alguns nomes sonantes do futebol mundial. Desde Victor Osimhen a Jude Bellingham, os holofotes direcionaram-se para Cristiano Ronaldo e João Félix.
Em relação ao capitão da seleção nacional, atualmente ao serviço do Al-Nassr, José Peseiro não tem dúvidas quanto ao seu nível e importância, a curto prazo. "É ele quem faz golos. Cristiano Ronaldo continua a ser o melhor na sua posição, Tem uma equipa com tanta qualidade que vai proporcionar-lhe golos, que é o que faz melhor", sublinhou o selecionador das super-águias.
Já sobre o empréstimo de João félix ao Barcelona, proveniente do Atlético de Madrid, que já apontou três golos e duas assistências pelos blaugrana, o técnico português acredita na incompatibilidade do jogador com Simeone, antigo treinador nos colchoneros, e que o internacional português tem de aproveitar a oportunidade e mostrar o seu talento no emblema catalão.
"Algumas vezes pode ser a química, outras uma questão de proximidade. Às vezes são incompatíveis. O medo que temos em Portugal é de perder este talento. O João é um dos jogadores mais talentosos do mundo. Nas relações treinador-jogador não se sabe quem é responsável quando isto acontece. O objetivo do futebolista é desenvolver competências todos os dias. Se há um jogador que é um dos melhores e isso não acontece, a responsabilidade é de todos", explicou Peseiro, em entrevista ao jornal AS.
"Com Xavi, o João tem de agarrar esta oportunidade porque tem muito talento. Tem de fazer um esforço para entender e participar neste coletivo. Tem de ceder um pouco para ajudar a equipa e mostrar o todo o seu talento", completou ainda.
A participão do Braga na Liga dos Campeões também mereceu comentários do técnico, que orientou os minhotos por duas ocasiões, em 2012/13 e 2016, conseguindo também ele qualificar a equipa para a maior prova europeia de clube. No Grupo C, juntamente com Real Madrid, Nápoles e União de Berlim, os guerreiros ocupam a terceira posição à frente dos alemães. Peseiro atribui favoritismo aos merengues mas admite uma surpresa dos brancarenses.
"O Madrid é o Madrid, o favorito para ganhar a Liga dos Campeões. Tem melhores jogadores do que o Braga, mas no futebol tudo pode acontecer. O Shakhtar já ganhou 2-3, por exemplo. Por vezes, quando o Madrid joga contra equipas que não têm tantos nomes, pode ter um mau resultado. Se não jogarem com todo o seu potencial, podem ter problemas. O Braga tem muito bons jogadores, não começou bem o campeonato, mas manteve os bons jogadores e, para além disso, trouxe outros com experiência: Fonte, Moutinho, Pizzi. E têm grandes jogadores com Djaló, Horta, Bruma, Abel Ruiz", concluiu o técnico luso.
Recorde-se que José Peseiro irá orientar a seleção nigeriana na fase final da Taça das Nações Africanas 2023, com início agendado para janeiro de 2024, na Costa do Marfim.
