Clube italiano volta a estar na mira da Justiça e vive crise de resultados. Direção demite-se e Agnelli deixa a presidência
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A Velha Senhora já tem idade para ter juízo, mas está outra vez em apuros. A Direção demitiu-se, o presidente responsável pelo período mais festivo da história do clube também saltou fora do barco e, 16 anos depois de estar envolvida num escândalo de corrupção e ter sido exemplarmente punida por isso, volta a ter a Justiça à perna, agora por atividades suspeitas e ilegais com transferências e contratos de jogador. À beira disto, a crise desportiva que abate o clube desde 2020 quase não tem importância.
Na última década, a Juventus deu sempre o ar de ser um clube-modelo, gerido exemplarmente, com bons resultados dentro e fora do campo. A mancha do "Calciopoli" ia desaparecendo. Por detrás dessa aura que chegou a parecer indestrutível, Andrea Agnelli, o homem que, finda a época 2009/10 com mais uma classificação desanimadora (sétimo lugar), assumiu a presidência com planos ambiciosos e promessas de voltar a fazer da Juve o grande clube italiano.
Está bem que nessa altura a Juventus ainda se refazia da o impacto gigantesco da descida, decidida nos tribunais, à segunda divisão, mas Agnelli acredita que era possível fazer mais e melhor, ou não tivesse ele os genes de Edoardo, Gianni e Umberto, os outros Agnelli decisivos na história da Velha Senhora (os quatro, juntos, estiveram em 20 dos 36 campeonatos vencidos pelo clube). E conseguiu-o. Com ele à frente, a Juventus colecionou "scudettos" (nove consecutivos), chegou a finais da Liga dos Campeões. Construiu um novo estádio e um clube aparentemente robusto financeiramente.
Algures em 2019, as coisas começaram a mudar. A chegada de Cristiano Ronaldo simbolizou essa mudança e o início de uma era mais audaz e mais irresponsável financeiramente. Ainda deu para ganhar outro título de campeão, mas o descalabro estava em andamento. Apesar do investimento, a Juve quase não ganha troféus e, no campo, foi ultrapassada pelos rivais mais diretos.
No entanto, isso não seria o pior. Há cerca de um ano, começaram as suspeitas sobre irregularidades em transferências e contratos de jogadores, entre elas pagamentos ilegais e às escondidas a Cristiano Ronaldo durante a pandemia. O jornal "Gazzetta dello Sport" diz que o clube fintou o Fisco em 90 milhões de euros, dívida que levou a Guardia di Finanza a abrir uma investigação. Falsificação de contas e inflação fictícia do preço de jogadores são outras das acusações em cima da mesa.
À falta de pior, é mais uma machadada no bom nome da Juventus, que agora tem problemas a resolver no relvado e fora dele.